Como você chegou até essa contadora? Eu precisava de uma contadora para prestar as minhas contas, e quem fazia a minha prestação era a Margarethe, que é do PT, hoje o marido dela é PCdoB. Como o marido dela estava envolvido com outras candidaturas, ela não me atendeu, e citou vários nomes, inclusive esse (da Contabilidade Shalon), e eu cheguei lá e eles me atenderam.
Então foi recomendação? Não. Ela não me recomendou. Ela citou vários nomes, foi lendo para mim. Aí, ela (Rosilene, da Shalon) me atendeu, fez a primeira prestação de contas, fez a segunda, que não tem grande importância, e a que tem maior peso, que é a última, que fecha tudo. E ela fez, eu peguei todos os recibos, as notas fiscais, levei pra ela e acompanhei. Não reparei que uma das notas fiscais, com final 035, estava com esse montante de R$ 36,2 milhões. Assinei, encaminhei. Eu fiquei com uma cópia, peguei as outras, fui ao TRE e protocolei. Como os candidatos que não são eleitos têm as contas revisadas depois, pois a prioridade é dos eleitos porque, se tiver alguma irregularidade, eles vão embargar, eu fiquei tranquila. Pensei assim: “se der algum problema, vai ser o mínimo”, mas nunca pensei que pudesse dar algum trabalho, ainda mais com esse peso todo.
Qual o valor exato da nota?
Ela é R$ 725.
Então, o valor pago foi esse?
É. Foi do material doado pelo comitê. Veio da gráfica que o comitê indicou.
É aí que entra o Benê (da Gráfica Brasil) na história?
Sim. É aí que entra, porque a gráfica que fez todo o trabalho para o Pimentel é a gráfica desse senhor, que eu nunca tinha ouvido falar.
Você acha que isso possa ter sido alguma coisa do PT?
Não, porque a nota foi impressa. Não havia como alterar, não houve alteração.
Você já entrou em contato com essa contadora? Já entrei. Falei que eu gostaria de uma explicação, porque não entendi. Mandei uma mensagem para ela, e ela falou que não deu problema na minha prestação. Eu disse: “Você só digitou lá uma bagatela”.
E qual foi a reação dela? O que ela falou? Ela ficou com fisionomia de quem está falando mentira. Você olha no olho da pessoa e percebe. Ela ficou desfigurada.
Você acha que foi um equívoco dela?
Eu falei: “Olha, Rose, eu aprendi uma coisa com a minha mãe: uma mulher não derruba outra. Ela dá a mão para que a outra não caia. Aí ela foi lá embaixo. Eu falei assim: “Nós duas erramos. Você digitou coisa demais”. Ela se propôs a retificar.
Mas acha que pode ter sido de propósito?
Eu não posso fazer juízo de ninguém. Ela me falou que não sabe como que digitou esse valor. Mas foi um valor muito específico para ser confundido por uma pessoa que tem facilidade com números.
Ao todo quanto você declarou ter gastado na sua campanha? De doações foram R$ 22 mil e pouquinho. Eu não investi nada na campanha, as pessoas que trabalharam comigo foram voluntárias, entendeu? E a doação toda vem do PT.
---
O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.