Recursos

Protagonismo para pedir verba

Dez dos 11 candidatos acreditam que crise não será entrave para buscar recursos

PUBLICADO EM 20/09/16 - 03h00

Dos 11 candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, dez acreditam que podem trazer os recursos para grandes obras na cidade tanto do governo federal quanto do estadual, apesar da crise econômica. Para tanto, basta ter “protagonismo” para buscar os repasses junto à União e convencer a bancada mineira na Câmara a destinar emendas ao Orçamento para a capital. Apenas Alexandre Kalil (PHS) não respondeu ao questionamento da reportagem até o fechamento desta edição.

Candidato pelo PROS, o deputado federal Eros Biondini afirmou à reportagem que o problema não é a falta de recurso, mas a “inabilidade em se relacionar com as outras esferas” de governo. “Fui secretário de Estado de Esportes e Juventude e, num momento de restrição orçamentária, consegui um aporte de R$ 10 milhões para construir o Centro de Referência da Juventude”, relatou.

A crise também não deve ser um problema, segundo o deputado federal Luis Tibé (PTdoB). O candidato avalia que, se for eleito, irá “liderar a bancada federal” para buscar recursos para obras como a ampliação do metrô da capital. “Estou lá (na Câmara) há seis anos, e nunca tivemos uma reunião com o prefeito”, afirmou.

Para Maria da Consolação (PSOL), a dificuldade em trazer recursos não está relacionada somente à falta de protagonismo, mas “à ganância do capital financeiro”. “Estão querendo vender tudo para os capitalistas, que recebem dinheiro para construir os equipamentos e, depois, para manter”, disse, referindo-se a Parcerias Público-Privadas (PPPs) firmadas pelo poder público.

A crítica à modalidade de execução de obras é compartilhada pelo candidato do PT à prefeitura, Reginaldo Lopes. “A cidade é viável financeiramente, mas tem feito um excesso de PPPs. Poderia ter outro caminho, mas o preconceito com quem geria a União levou a parcerias desnecessárias”, avaliou o deputado federal.

Para o candidato do PSDB, deputado estadual João Leite, o prefeito precisa ser protagonista na cobrança dos recursos via emendas parlamentares. “Quero que as emendas de senadores e de deputados federais e estaduais sejam (canalizadas) para investir nas obras de Belo Horizonte. Por isso, vou conversar com todos”, disse.

Apesar da “vontade” dos candidatos de buscar apoio para os projetos da capital, dos 53 deputados federais de Minas, menos de 20 são de Belo Horizonte. Ou seja, a maioria tem outras regiões do Estado como reduto eleitoral e canaliza as emendas ao Orçamento para esses locais.

Já o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT) prefere apostar nos repasses – tanto do Estado quanto da União – que já estão previstos em lei. “Dá para contar com aquilo que é obrigado a ser repassado, o que está previsto em lei. Vamos até o Judiciário se for necessário”, afirmou.

Do mesmo partido do presidente Michel Temer (PMDB), o deputado federal Rodrigo Pacheco destaca que irá buscar os recursos para as grandes obras da capital mineira diretamente com o correligionário: “Os recursos do governo federal virão em razão do alinhamento que eu tenho com o presidente Michel Temer”.

Mesmo reconhecendo o momento econômico de crise, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PR) acredita que o prefeito pode conquistar os recursos. “Temos uma boa relação com os governos estadual e federal e entendemos que podemos, sim, angariar recursos para a PBH”, afirmou, completando que pretende, se eleito, priorizar as grandes obras em detrimento das menores intervenções.

Candidata pelo PSTU, Vanessa Portugal acredita que é preciso pressionar a União a inverter prioridades de gastos. “Hoje, o país gasta mais de 40% do Orçamento em pagamentos da dívida com bancos e grandes corporações. Na minha administração, vamos definir uma frente de luta contra isso”, defendeu.

Atual vice-prefeito de Belo Horizonte, Délio Malheiros (PSD) disse acreditar que é possível trazer recursos federais e estaduais para as grandes obras da capital, mas não informou como isso seria possível diante da crise econômica: “Belo Horizonte tem dado continuidade a seu cronograma de obras. E sabemos que as propostas do nosso programa de governo são consistentes e exequíveis”.

João Leite (PSDB)

O candidato e deputado estadual do PSDB, João Leite, se encontrou ontem com especialistas em segurança, associações de moradores e representantes da Guarda Municipal em um teatro. Na conversa, ele garantiu que a área de segurança pública será prioritária em seu governo, caso vença a eleição. “Vamos agir na prevenção, dando especialmente espaços esportivos, de geração de emprego e renda para os jovens. Também queremos agir junto com a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Guarda Municipal”, afirmou. Segundo ele, se eleito, irá criar o Gabinete Integrado de Segurança Pública para reunir as polícias Civil e Militar com a Guarda. O tucano disse, ainda, que irá capacitar e armar os guardas e que o custo será de 0,07% do Orçamento.

Alexandre Kalil (PHS)

Pela manhã, o empresário Alexandre Kalil fez uma caminhada pelas ruas da região central de Belo Horizonte e criticou a situação do local, que tem vendedores ambulantes e moradores de rua. “Esse é o retrato de uma crise, (o ambulante) não pode ser tratado com desumanidade. Temos que levá-los para as feiras, para lugares adequados. Tem que ser feita uma abordagem. É um problema grave que afeta o centro, afeta os comerciantes, assim como a segurança e a iluminação”, disse. Mais tarde, coube ao candidato a vice-prefeito na chapa, Paulo Lamac (Rede), a responsabilidade de participar de dois debates entre candidatos realizados em universidades de Belo Horizonte.

Luis Tibé (PTdoB)

O deputado federal começou o dia ontem com uma vista ao Parque Telê Santana, em Venda Nova. Segundo ele, no começo de seu mandato parlamentar houve a liberação de recurso para reformar o local, mas o dinheiro não foi aplicado. À tarde, o candidato esteve no centro de inovação BH-TEC, na região da Pampulha, e se comprometeu a adotar uma política fiscal para atrair investimentos em tecnologia e organizar eventos para fomentar o desenvolvimento de softwares ligados ao município. À noite, Tibé foi ao bairro Santa Tereza, na região Leste, conversar com proprietários de bares e apresentar o projeto para cadastrar músicos e instruí-los para evitar problemas com a vizinhança.

Reginaldo Lopes (PT)

O candidato priorizou ontem dialogar sobre diversos temas com estudantes dos ensinos técnico e médio. Pela manhã, Reginaldo Lopes apresentou suas propostas a alunos do colégio São Francisco de Assis, no bairro Pompéia. Na parte da tarde, junto a outros postulantes, esteve no Colégio Técnico da UFMG (Coltec), onde falou sobre mobilidade urbana e falência do atual modelo político e eleitoral. “A maioria das capitais está fazendo obras de metrô. Foram R$ 3,6 bilhões disponibilizados pelo governo federal a Belo Horizonte, mas a prefeitura não conseguiu apresentar o projeto executivo da obra”, criticou Reginaldo. Segundo o petista, é preciso priorizar o transporte público coletivo.

Eros Biondini (PROS)

Pela manhã, o candidato participou do debate com outros postulantes à prefeitura na Faculdade Universo. Biondini considerou a conversa “muito positiva”. “A aceitação das pessoas que me procuraram ao final foi muito gratificante”, afirmou o deputado federal, que depois concedeu entrevista a uma emissora de rádio. À tarde, o candidato pelo PROS foi a Brasília participar da votação, no Congresso, de um projeto que prevê a abertura de crédito suplementar do Ministério da Educação para auxiliar no pagamento ao Fies. “As universidades não estão conseguindo sobreviver, estão aceitando os alunos e não estão recebendo”, disse o deputado federal, que recebeu um pedido do reitor da PUC Minas, Dom Joaquim Mol, para que a matéria fosse aprovada.