Eleições 2018

Anastasia descarta nacionalizar a disputa ao governo de Minas

Senador afirma que tática é 'conversa fiada' e assuntos são 'irrelevantes'

Réu. Anastasia disse que não responderá a questões sobre a proximidade com o senador Aécio Neves | Foto: Leo Fontes - 2.8.2018
PUBLICADO EM 14/08/18 - 03h00

O candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais nas eleições deste ano, senador Antonio Anastasia, disse nesta segunda-feira (13) que nacionalizar a disputa no Estado é “conversar fiado”. Ele afirmou que durante o período de campanha não vai tratar de temas nacionais considerados por ele “irrelevantes”, como prisões de figuras políticas. A reportagem também apurou que o tucano vai evitar responder a ataques de seus concorrentes ou criticá-los diretamente, deixando essa função para os postulantes a cargos no Legislativo. Dessa forma, ele quer ser reconhecido como aquele que faz uma campanha propositiva. 

De acordo com o candidato, evidentemente ele vai tratar, no período eleitoral, de assuntos que são de interesse do país, mas que o eleitor quer saber, por exemplo, se o servidor vai receber no quinto dia útil do mês – o salário do funcionalismo tem sido pago de forma escalonada. “Enquanto ficar numa esfera nacional, discutindo política, questões de quem é preso e não é preso, o que aconteceu e não aconteceu, isso não vai resolver o nosso problema, é só mesmo uma conversa fiada completamente sem nenhum propósito”, disse. 

Uma das opções por não nacionalizar as discussões durante a campanha é fazer uma antítese do que tem sido praticado pelo atual governador, Fernando Pimentel (PT), que ventilou até mesmo registrar sua chapa à reeleição como “Lula Livre” por conta de o ex-presidente estar preso. Ainda na esfera nacional, o tucano foi relator no Senado do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que vai concorrer ao cargo de senadora por Minas. “Vamos discutir os problemas e as soluções para a volta da normalidade no Estado. Se o outro candidato quer discutir Lula livre, Temer, Dilma, problema é dele”, contou uma fonte. 

Por mais que tenha adotado a ideia de não criticar diretamente os adversários, especialmente Pimentel, em suas falas o senador tem alfinetado o petista. Contudo, nos bastidores é dito que a função de atacar mais duramente o governador pela crise econômica do Estado vai ficar sob a responsabilidade de candidatados a deputados e de outras lideranças do PSDB. Anastasia, no entanto, diz que a campanha vai ser amparada por um projeto de reconstrução de Minas. 

“O plano se baseia em quatro princípios: simplicidade, austeridade, criatividade e credibilidade. O nosso objetivo é colocar Minas Gerais novamente nos trilhos. Não faremos uma campanha de ataques, críticas e ofensas. Vamos tão somente pontuar aquilo que consideramos errado e equivocado na atual administração pública do Estado, nas questões de governo ou de desgoverno. E vamos apresentar alternativas e soluções baseadas nas nossas experiências de 35 anos de gestão pública e no êxito que tivemos no nosso governo”, disse o candidato. 

Estratégia. Além de não atacar diretamente os concorrentes ao Palácio da Liberdade, Anastasia não vai responder a críticas de ordem pessoal. E um dos pontos que o tucano espera que seus adversários explorem é o fato de ser apadrinhado pelo senador Aécio Neves, que hoje é réu em diversos processos de corrupção. 

Segundo uma fonte, o candidato vai deixar que essa questão seja respondida pelo próprio senador. “Como não tem nada em relação ao Anastasia, vão tentar ficar perguntando a ele sobre o Aécio. E o Anastasia já falou que o Aécio terá o direito de se defender na Justiça. É isso. Não há mais o que ele falar, até porque ele não comanda a vida de ninguém”, explicou.