Câmara de BH

Eleições em BH: Partidos apostam em puxadores de votos para eleger vereadores

Com regras novas, outras opções têm sido chapa com vários nomes com desempenho mediano e investimento no voto de legenda

Por Bruno Menezes
Publicado em 16 de setembro de 2020 | 06:00
 
 
Câmara da capital tem 41 vagas; e partidos podem montar chapas com até 62 candidatos Foto: Mariela Guimarães

A proibição de coligações nas chapas proporcionais a partir das eleições deste ano colocou mais um desafio aos pré-candidatos que pleiteiam uma cadeira nos legislativos municipais e fez com que os partidos também pensassem em novas estratégias, em especial a aposta em puxadores de votos ou em vários nomes com desempenho mediano, já que terão que caminhar com as próprias pernas. Além dessa questão, desde as eleições de 2016, os postulantes precisam bater uma outra meta: atingir 10% do quociente eleitoral em número de votos para poder tomar posse do cargo. A medida foi implantada com o objetivo de evitar que candidatos com baixo número de votos fossem eleitos.

Os efeitos dessa combinação vão ser vistos na eleição de novembro e podem beneficiar ou prejudicar legendas na chamada “dança das cadeiras”.

Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o PSD é o partido que hoje tem mais vereadores. Ao todo são 13 parlamentares da legenda. Em seguida vem o PSC, com quatro parlamentares – sendo que dois eleitos foram cassados ao longo do mandato, e os suplentes assumiram – e em terceiro vem o Cidadania, com três assentos na Casa.

Expectativa

Apesar de ser a segunda maior bancada no Legislativo da capital, o PSC diz ter objetivos modestos e acredita que com as mudanças nas regras eleitorais consiga garantir pelo menos duas cadeiras na Câmara. “Nós lançamos uma chapa com 62 candidatos e pela matemática que nós temos feito, a gente dá conta de fazer duas cadeiras sonhando com a terceira na sobra, com o voto de legenda”, afirmou o vice-presidente do PSC em Belo Horizonte, Adriano Feital.

Se por um lado o PSC pensa em dar voos mais modestos na votação proporcional de Belo Horizonte, o PCdoB, que atualmente possui apenas uma cadeira na Câmara – com o vereador Gilson Reis (PCdoB) –, acredita que possa conseguir ampliar sua bancada mesmo com as mudanças eleitorais, lançando candidaturas que consideram ser de peso. 

“A nossa chapa tem o objetivo em Belo Horizonte de eleger três vereadores. Nós fortalecemos muito a nossa chapa com a Jô Moraes, que é ex-deputada federal, e com a Mara Telles, que foi integrante do Big Brother. E tem também o Gilson (Reis), que vai para a reeleição. É uma chapa que tem alguns quadros mais de ponta eleitoralmente, outros que são apostas que podem também atingir essa ponta. O nosso objetivo é fazer uma boa campanha para o voto de legenda e ter uma chapa com bons puxadores de voto”, explicou o presidente do PCdoB em Minas, Wadson Ribeiro. 

Voto na legenda

Desde 2016, quando candidatos aos legislativos municipais passaram a precisar atingir 10% do quociente eleitoral em número de votos, criou-se a expectativa de que o voto de legenda poderia não ser mais tão vantajoso ao partido, já que alguns candidatos poderiam ficar sem atingir o desempenho mínimo. Essa ideia, no entanto, é refutada pelo vice-presidente do PSC em Belo Horizonte, Adriano Feital, e pelo presidente estadual do PCdoB, Wadson Ribeiro.

“É um voto importante (o da legenda). Em 2016, o PSDB teve 27 mil votos. Quer dizer, só o João Leite com o voto de legenda fez uma cadeira”, disse Feital. 

“(O voto na legenda) é desvantajoso para aquelas chapas que não têm nenhum puxador, o que não é o caso do PCdoB. Como temos alguns quadros que a gente não tem dúvida de que passa dos 10%, a tática de fazer muita propaganda no voto de legenda nos ajuda, porque esses votos vão todos para uma cesta. E, se vem muito, a gente consegue eleger uma bancada maior”, explicou Ribeiro.

Em 2016, o índice para BH foi de 29.120 – só poderiam tomar posse dos cargos candidatos que tivessem, no mínimo, 2.912 votos.