Governador e presidente

Eleições municipais podem ter influência no pleito de 2022

Cientistas políticos e lideranças têm a mesma opinião; PT vê de forma diferente

Deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB) cobrou a Vale por conta das dívidas deixadas em Mariana | Foto: Câmara dos Deputados / Divulgação
Elisângela Orlando
17/09/20 - 11h40

Os resultados das eleições municipais deste ano devem servir de termômetro para o pleito de 2022. O impacto deve ser maior na corrida pelo governo do Estado, mas também pode ter reflexos na escolha do próximo presidente. É o que afirmam especialistas e presidentes de legendas que vão disputar a Prefeitura de BH em novembro.

A cientista política e pesquisadora da UFMG Érica Anita Baptista afirma que, por muito tempo, acreditou-se que as eleições municipais refletiam o pleito majoritário anterior, entretanto estudos recentes apontam que o oposto também é válido. “As coligações, o apoio recebido pelos candidatos e o comportamento do eleitor neste ano vão dizer muito sobre o que deve acontecer nas eleições em 2022”, ressalta Érica. 

A pesquisadora frisa ainda que o atual cenário tem reflexos da corrida eleitoral de 2016. “Neste ano, muitos candidatos vão continuar a bater na tecla de que são contra a velha política e a corrupção. O eleitor continua descrente, e a esquerda perdeu força, principalmente nas capitais”, pontua.

Para o presidente do PSD em Belo Horizonte e candidato à vice na chapa de Alexandre Kalil, que concorre à reeleição, Fuad Noman, o reflexo das eleições municipais em 2022 é natural. Questionado pela reportagem de O TEMPO se uma possível reeleição indica que Kalil vai concorrer ao governo do Estado, Noman afirmou que, “se isso ocorrer, ele tem condição de escolher, lá na frente, se quer competir nas eleições majoritárias”.

De acordo com o presidente do PSDB em Minas Gerais e deputado federal, Paulo Abi-Ackel, os resultados em novembro vão impactar lá na frente. “Não são processos distintos. Há uma relação lógica. Vencedores e derrotados serão analisados pelo eleitor, que vai escolher o melhor candidato”, sustenta.

Na avaliação do professor do Departamento de Ciência Política da UFMG Manoel Santos, as eleições municipais são um bom indicador do que pode acontecer daqui a dois anos.

“Se voltarmos no tempo, veremos PT e PSDB contando cadeiras para ver quem avançou, quem recuou. Hoje, o cenário é marcado pela polarização entre Bolsonaro e PT e um sentimento antissistema. Nesta eleição, será difícil saber quem vai sair forte. O primeiro dado que teremos para analisar será a eleição municipal”, esclarece Santos.

Contramão Cristiano da Silveira, deputado estadual e presidente do PT em MG, tem outra visão. “Eleições municipais são importantes para projetar novos líderes. Não são fator decisivo para as majoritárias”, diz.