Campanha

PSD vai repassar R$ 10 mil para cada candidato a vereador do partido

Quem já tem mandato receberá o mesmo valor do que os novatos; dinheiro terá origem na cota de Kalil, que devolveu recursos ao diretório municipal do partido

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 22 de outubro de 2020 | 15:00
 
 

O PSD vai destinar R$ 10 mil para cada um dos 60 candidatos à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) na chapa de vereadores do partido. Os R$ 600 mil sairão dos repasses da direção nacional à campanha de reeleição do atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD).

Até agora, Kalil recebeu R$ 3,45 milhões do PSD. Desse valor, ele devolveu R$ 345 mil, equivalente a 10%, para o diretório municipal do partido, que deverá repassar o dinheiro para cada um dos candidatos. A expectativa deles é que a verba esteja na conta já na semana que vem. 

No início do mês, a relação entre o diretório municipal, comandado pelo candidato a vice na chapa de Kalil, Fuad Noman (PSD), e os vereadores da sigla que já têm mandato e concorrem à reeleição ficou tensa por causa da falta de definição sobre o montante que seria destinado à campanha deles. Na época, Jair Di Gregório (PSD) e Autair Gomes (PSD) chegaram a abandonar uma reunião sobre o tema.

Apesar do acordo, ainda há insatisfação entre os 12 candidatos que concorrem à reeleição. A queixa é que quem nunca recebeu um voto sequer terá as mesmas condições dos candidatos que já obtiveram sucesso nas urnas.

Outro ponto é que, inicialmente, a promessa era de que PSD bancaria cinco pessoas no valor de R$ 1 mil para trabalhar na campanha à reeleição de cada vereador. Diante disso, alguns vereadores já contrataram os funcionários. Agora, o PSD de Belo Horizonte argumenta que o pagamento dos funcionários já está embutido nos R$ 10 mil que serão distribuídos.

Com isso, na prática, metade do dinheiro já estaria carimbado e alguns vereadores terão R$ 5 mil para gastar em outras despesas, como material gráfico. Os vereadores ainda tentam negociar que o pagamento dos funcionários prometidos seja feito a mais, fora dos R$ 10 mil que já estão garantidos.

O líder do PSD na CMBH, o vereador Autair Gomes (PSD), disse que o valor é baixo, principalmente diante dos repasses recebidos por candidatos de outros partidos, mas que entende a situação.

“Eu sei que alguns colegas, como eu, saíram insatisfeitos pelo valor, mas entendo que não tem dinheiro. É muito pouco para quem está pretendendo fazer uma campanha de vereador”, disse Autair Gomes. “É um descontentamento mais com o valor do que com o partido, com a direção”, afirmou.

A reportagem tentou contato com o coordenador da campanha de Kalil, Adalclever Lopes, e com o advogado Guilherme Papagaio, que ajudou na formação da chapa do PSD. Eles não retornaram os contatos.

No início do mês, Adalclever Lopes disse que o dinheiro iria eventualmente ser repassado aos candidatos a vereador e que entendia a aflição deles porque a contratação de pessoal era regra nas campanhas anteriores. 

No entanto, ele declarou que, por coerência, a campanha de Kalil não pagaria pelas contratações.

“O Kalil disse que não vai fazer essas contratações porque ele acha, e ele está correto, que não pode aglomerar. E você vai contratar pessoal pra ficar andando na rua? Seria o inverso do que ele pregou na pandemia”, disse.