Em São José de Piranhas, já na porção final do eixo Norte da transposição do São Francisco, segundo a prefeitura local, não há qualquer trecho de canal concluído. Há apenas os recortes no terreno acidentado, poeirento e pedregoso. E quase tudo, em termos de trabalho, está abandonado na cidade. As únicas obras que andam são os dois túneis por onde passarão as águas: o Cuncas I, que começa em Mauriti, e o Cuncas II, de 4 km, que passa por baixo de uma serra, por onde continuará o canal.

No distrito de Boa Vista, o que já deveria ser uma represa mal começou a ser feito. Nada além das cem desapropriações ocorreu até então. Parece um lugarejo fantasma, com algumas casas ainda de pé e outras demolidas. As famílias foram removidas, mas os trabalhos não andaram. O terreno sequer começou a ser mexido pelas construtoras.

Onde deveria passar o canal, está correndo uma água que empoçou de um chuvisco que caíra recentemente. “No governo Lula, a obra andava mais”, diz Manoel Soares Sousa, secretário adjunto de Agricultura do município.

Ainda onde já deveria estar funcionando uma barragem, se a obra tivesse ficado pronta na data das primeiras projeções do governo federal, no governo Lula, há somente um bota-fora construído pela própria construtora, reforçando ainda mais a imagem de abandono. Em outro ponto da obra, a primeira barragem que levará a água ficou apenas no escopo. No futuro canal que começou a ser esculpido, as juremas começam a crescer por causa do abandono.

Na zona rural de Piranhas, há alguns açudes: uns com mais, outros com menos água. Mas são pequenos lagos que resolvem somente parte do problema da seca e estão longe de levar a água a quem dela mais precisa.