Comportamento

A popularização da tatuagem 

Público hoje é mais heterogêneo, exibe as “tattoos” e gosta de desenhos pequenos

Dom, 20/04/14 - 03h00

Marcar o corpo com tatuagens é uma prática tão antiga quanto os primeiros registros do homem sobre a Terra. O corpo do Homem de Gelo, encontrado na Itália em 1991, tinha vários desenhos na pele, e a estimativa é que ele tenha vivido há mais de 7.300 anos. Pela história, as marcas corporais já tiveram sentidos e funções sociais diversos: marcar um rito de passagem, identificar prisioneiros ou criminosos, “fechar” o corpo contra doenças e outros males e até garantir a vida do espírito após a morte do corpo.

Hoje, porém, o corpo é encarado por muitos como um suporte para uma obra de arte, e a maioria deseja exibir as peças de sua “galeria”. “Na década de 90, as pessoas começavam a fazer tatuagens nas costas, no peito, nas costelas e nas pernas. Depois é que iam para áreas mais à mostra, como braços e pescoço. Hoje é totalmente diferente, as pessoas fazem tatuagem para mostrar”, conta o tatuador Felipe Andrade, do estúdio Pietà Tattoos, que tem quase 20 anos de experiência na área.

O perfil de quem se tatua também se transformou na última década. “Antes, a porcentagem de neurocirurgiões ou de juízes que procuravam os estúdios era muito menor. E eles até se tatuavam, mas era sempre escondido, em um lugar que não aparecesse muito. Hoje não tem mais isso e, não necessariamente porque o ‘cara’ é um juiz, ele faz um desenho pequeno e nas costas”, relata Andrade.

Segundo uma pesquisa recente realizada pela revista “Superinteressante”, a maioria dos tatuados do Brasil são mulheres, jovens e com alta escolaridade. Mas Andrade concorda somente em parte com esse resultado. “Talvez quem se dispôs a responder a pesquisa foram mais mulheres, porque recebemos quantidades iguais de mulheres e homens”, afirma.

Preferência. Os desenhos e motivos que caem no gosto dos clientes também mudaram muito nos últimos anos. “Nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, estão na moda os desenhos tradicionais e o estilo japonês. O Brasil pega um pouco essa tendência, mas em Belo Horizonte as pessoas são um pouco mais conservadoras”, relata o tatuador. E sempre tem os desenhos queridinhos do público. “Mês passado, batemos o recorde de âncoras pequenas em lugares bem à mostra”, revela.

Outros símbolos também estão em alta. “Temos feito muito estilo japonês, maori e um monte de ‘tattoos’ pequenas: penas que se transformam em passarinhos, frases, filtros dos sonhos, mandalas pequenas, e os motivos orgânicos – como borboletas, flores e pássaros – também estão muito na moda aqui em Belo Horizonte”, diz.

“Gosto de qualquer ‘tattoo’ que seja elegante e que não seja carnavalesca, daquelas que a pessoa possa ter aos 20 anos, aos 40 e aos 60. Uso linhas aparentes, preto sólido e cor forte, tudo com desenhos refinados”

Felipe Andrade - estúdio Pietà Tattoos

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