Espiritismo

Bebês vivenciam legado de Jesus 

Centros espíritas criam novos espaços para atender essa faixa etária

Ter, 19/05/15 - 03h00
Doutrina. Música e atividades lúdicas, que exploram as sensações visuais, táteis e auditivas, fazem parte da evangelização de bebês | Foto: LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

O tatame coberto de material macio, rosa e violeta, em contraponto com tons de verde, se transforma aos domingos em palco de um encontro amoroso, lúdico e alegre em que a música e as histórias animadas por seres de todos os reinos são o passaporte para acessar as mensagens do mestre Jesus e plantá-las no coração e no espírito de bebês que ainda nem chegaram a este mundo e de crianças de 0 a 2 anos e 11 meses.

A jornalista e evangelizadora de bebês Aline Galvão, 35, vai recebendo os bebês e seus pais no Centro Espírita Bezerra de Menezes – O Apóstolo do Bem –, no bairro Santa Inês. Durante uma hora, eles farão parte de um mundo em que os estímulos visuais, táteis e auditivos vão criar um vínculo amoroso em cada coração e plantar a semente do amor, o ensinamento maior de Jesus.

Para atuar com essa idade é preciso uma didática específica. “A coordenação motora, os sentidos da fala e do tato, tudo é diferente nessa idade. As crianças de 4 anos pegam o giz de cera e desenham no papel, as de 1 ano comem o giz. As de 4 ouvem uma história, as de 1 querem pegar o personagem da história”, diz Aline, que, junto com mais três pessoas, conduz a aula de bebês nesse centro espírita.

“O primeiro momento da evangelização é a acolhida de Jesus, representado por um boneco de pano, que todos os bebês abraçam e que fica por ali, participando da aula. Depois vamos falar da criação. Elas aprendem a amar os animais e todas as coisas que Deus criou, por meio de encenações que mostram, por exemplo, a tristeza de uma flor quando é arrancada da natureza. É um mergulho do ser no conteúdo doutrinário”, ensina Aline.

Na prática, diz ela, “oferecemos a esses espíritos recém-encarnados o alimento para que eles tenham de onde tirar o que precisam para moldar suas existências atuais. Os pais têm relatado que elas ficam menos agitadas e até cantam as músicas em casa”.

Uma das primeiras a evangelizar bebês no Brasil, Cíntia Vieira Soares, diretora de infância e juventude da Federação Espírita do Estado de Goiás, ressalta que esse trabalho não tem a pretensão de que eles entendam cognitivamente conceitos e linguagem formais. “O ambiente deve ser plasmado de amor e carinho, criando uma atmosfera de harmonia. As atividades estimulam o desenvolvimento das virtudes, o cultivo de valores espirituais e morais, a ética e o bem comum”.

Não apenas os bebês se beneficiam desse momento espiritual. “É muito enriquecedor esse processo de descoberta dos valores do Evangelho em família, porque os pais saem daqui evangelizados e repetem em casa o que aprenderam, como, por exemplo, o respeito à individualidade dos seus filhos. Isso é mostrado por meio do relacionamento entre Maria e seu filho Jesus”, comenta Aline Galvão.

O despertar do ser encarnante
 
Há quem evangelize aqueles que ainda estão no ventre materno. Sheila Passos, de 46 anos, terapeuta ocupacional e integrante do SER – Sócio-organização de Espiritualidade e Religiosidade, realiza esse trabalho em Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Meimei.
 
“O foco é estimular o espírito reencarnante a manter o propósito de renascer, sustentar o vínculo entre esse espírito e seus pais e fazê-lo se sentir amado e protegido. Utilizamos o Evangelho para despertar sua consciência, adormecida pelo processo reencarnatório, e fazê-lo sentir que é amado e respeitado por Deus. Trabalhamos com o sentimento da mãe, para que o bebê também sinta”, explica Sheila.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.