A mil metros do chão

Equilibrista registra fotos pedalando em cabo suspenso em abismos

Eskil Ronningsbakken diz que vê seu trabalho não como uma oportunidade de um recorde Guiness, mas como expressão artística

Ter, 29/07/14 - 17h04
Equilibrista norueguês pedala a mais de mil metros do chão. | Foto: LUNDVOLD, KNUT BRY (ESKIL)

O equilibrista norueguês Eskil Ronningsbakken vive, literalmente, pedalando nas alturas. Essa é a vida que ele leva fazendo registros fotográficos pedalando uma bicicleta sobre um cabo suspenso abismos, a mil metros do chão. Ele conta que vê seu trabalho não como uma oportunidade de um recorde Guiness, mas como expressão artística.

Eskil Ronningsbakken conta que tudo começou quando tinha apenas cinco anos, quando fez uma visita a uma casa onde o estranho fazia parte da rotina. "Meu pai era pintor e trazia gente de todos os tipos para casa. Pessoas que você acharia estranhas. Um iogue hindu nos visitou, e fiquei fascinado com o modo como ele controlava seu corpo."  

Foi aí que surgiu a ideia de viver nas alturas e sempre se superar. Suas aparições diante de milhões de telespectadores na BBC e no Discovery se materializam agora, aos 35 anos, em seu próprio programa para uma grande emissora, cujo nome ele ainda não pode revelar.
Em vídeos são possíveis ver que coragem é o que não falta ao equilibrista que sempre está em busca de uma foto perfeita. E ele diz que isso o faz até perder uma noite de sono. Mas nunca por medo e sim pela adrenalina dos novos desafios.

Em uma montanha com forma de dedo, que, não obstante, se chama Bladet (pena), em sua Noruega natal, ele tirou uma foto. A imagem é avassaladora. Ronningsbakken fica minúsculo suspenso sobre um pico com uma mão, e com o rosto voltado para baixo, cara a cara com a morte.

Ele diz que tem muita consciência da morte e que não faz bobagem ao subir montanhas. "Se eu tive uma discussão com minha mulher, deixo tudo resolvido antes de subir. Falando sério, não posso ter nenhum problema com ninguém. Desligo o celular, não respondo meus e-mails. Não posso levar nada na bagagem quando subo."

O equiblibrista fala que seu trabalho é uma arte, mas que precisa confrontar com a morte a todo momento. Os fotógrafos Knut Bry e Sindre Lundvold o ajudam a captar as imagens.

Eskil Ronningsbakken revela que seu próximo desafio será o edifício mais alto do mundo que estava sendo construído em Changsa, capital da província de Hunan, no sul da China, com previsão de ficar pronto em 2015. "Mas só vou fazer se eu tiver 100% de certeza de que dará certo. Sempre penso muito mais quando é numa cidade. Na montanha, estou sozinho. Na cidade é preciso se preocupar muito mais, porque você pode afetar muitas pessoas."

Quando questionado se pretende parar com essas loucuras algum dia, Ronningsbakken ressalta que ainda se sente bem, mental e fisicamente. Ele diz que ainda tenha uns cinco anos pela frente.

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