Ondulados

Cabelo cacheado recupera a força e volta a ser tendência

Cabeleireiros dizem que é necessário ter olhos treinados para lidar com ondulados

Ter, 09/09/14 - 03h00

Nova York, EUA.  Quando Claire Mazur se casou neste verão (do Hemisfério Norte), ela mesma cuidou do penteado. “Todos pareceram surpresos, mas não deixo ninguém cuidar do meu cabelo crespo”, disse Mazur.

A noiva não queria fazer escova no cabelo. Dona do site de venda de roupas Of a Kind, Mazur é tão ligada a seus cachos que o fato de seus namorados gostarem ou não do cabelo se tornou uma espécie de prova decisiva para a viabilidade do relacionamento. Ela acrescenta que o marido adora o cabelo ondulado.

A exemplo de Mazur, outras mulheres estão descartando salões de beleza para fazer escova e a promessa de um cabelo liso temporário em prol de um visual encaracolado a um só tempo natural e moderno. A revista “Harper’s Bazaar” declarou há pouco tempo que “deixar secar naturalmente é a nova escova” em reportagem que elogiava o cabelo desgrenhado, acrescentando que as “escovas perfeitas com pontas voltadas para dentro e elasticidade balançante saíram da preferência das garotas antenadas por enquanto”.

E os sinais estão todos ao redor. Artistas de grande visibilidade como Lorde, St. Vincent e Rita Ora fizeram dos cachos parte de seu visual. Queridinhas do mundo das artes como as jovens fotógrafas Olivia Bee e Petra Collins também estão abandonando a escova.

E com o novo interesse em cabelos crespos, aumenta a procura por salões que saibam lidar com eles. “As pessoas querem ter controle demais sobre o cabelo, mas tudo que se tenta controlar demais perde a mágica”, disse Laura Connors, cabeleireira do Seagull, salão de beleza da cidade de Nova York especializado em cabelo crespo. “Estou tentando fazer meus clientes aceitarem não um halo em forma de pufe, mas um pouco de cachos. É um visual realista e sensual”.

Estereótipo. Porém, mesmo que os cachos agora estejam na moda, é difícil se livrar de estereótipos persistentes, tais como a presunção de que mulheres de cabelo encaracolado são “maluquinhas, bobas e não podem ser levadas a sério”, nas palavras de Kim France, fundadora da revista “Lucky” e blogueira responsável por Girls of a Certain Age.

“Existe um viés cultural total contra mulheres de cabelo cacheado”, disse France, que já passou pelas fases de usar o cabelo ondulado e liso. “As cabeleireiras são muito esnobes, pouco criativas com cabelo crespo”.

Pouco ajuda que celebridades que usam cabelo cacheado (como Taylor Swift ou Sarah Jessica Parker da época de “Sex and the City”) tenham um visual cuidadosamente penteado e de alta manutenção que é quase impossível de reproduzir em casa.

“Fica na cara que pegaram um babyliss e cachearam o cabelo inteiro”, afirmou Astrid Chastka, estilista de moda. “É quase como ‘não, você não fez isso sozinha’. Vamos ver isso sem um cabeleireiro”.

Treino. Mas existe um consenso geral de que os cachos têm vida própria. “Eles vão se mexer, cada dia ficando de um jeito, e é preciso levar em consideração a umidade”, afirmou Morgan Willhite, diretor criativo do Ouidad, outro salão dedicado à beleza dos caracóis, com unidades em Nova York e Santa Monica, na Califórnia. “É preciso ter o olho treinado para ver isso”.

E as mulheres com cabelo encaracolado têm noções precisas de como querem ficar. “Quero um caos organizado sem ficar comportado demais”, afirmou Jennifer Marshall, divulgadora literária.

Claudine Auguste, que trabalha no Wythe Hotel, quer mais modelos a seguir. “Gostaria de ver um desfile na passarela do Rick Owens com garotas com cabelo encaracolado grande”, ela declarou. “As pessoas julgam que você é selvagem e animada. É interessante que a percepção seja assim, mas eu não quero ter de lidar com isso”.

“É mais uma questão de formato”

Nova York, EUA.
Encontrar cabeleireiro que cuide dos cachos pode ser um desafio. “A maioria das escolas de formação de cabeleireiros é muito antiquada, pouco ensinando sobre cachos a não ser fazer escova ou usar babyliss”, disse Casey Heatherley, que trabalha no salão Adelaide.

Segundo ela, cabelo crespo é “todo um aprendizado”. “Tem mais a ver com o formato do que com linhas e ângulos”. Heatherley, que se mudou para Richmond, na Virgínia, estudou na Devachan, que conta com salões no centro e uma linha de produtos para cabelos ondulados. Ela ainda visita clientes em Nova York.

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