Neurologia

Cérebro humano é conectado pela primeira vez à internet

Cientistas usaram um headset sem fio de eletroencefalograma

Por Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
Cientistas usaram um headset sem fio de eletroencefalograma Foto: stockxpert/arquivo

Londres, Reino Unido. A interação entre o ser humano e o mundo digital acaba de romper uma barreira. Neurocientistas e engenheiros da Universidade de Wits, na África do Sul, conectaram um cérebro humano à internet pela primeira vez na história. O projeto foi chamado de “Brainternet” (cérebro + internet, em inglês).

O Brainternet funciona da seguinte forma: um voluntário no estudo usou durante dias um headset sem fio de eletroencefalografia (EEG), fabricado pela norte-americana Emotiv, capaz de captar oscilações neurais, também conhecidas como “ondas cerebrais” – as ordens que circulam de um lado para o outro no cérebro.

O headset transmite os dados captados para um Raspberry Pi, um minicomputador alimentado por uma bateria portátil e que, por sua vez, roda um programa de computador que interpreta esses dados. O Raspberry Pi é então ligado ao Wi-Fi e disponibiliza, em tempo real e para qualquer lugar do mundo, todas as informações captadas das ondas cerebrais do voluntário em uma página da web.

O diferencial do estudo é que a comunicação entre o cérebro e a internet não é de via única. O site (que já está fora do ar) mostra em tempo real a atividade em diferentes partes do cérebro e até permite certo nível de interatividade. É possível realizar diferentes ações como, por exemplo, “erguer o braço esquerdo”.

“Estamos destinados a permitir a interação entre o usuário e seu cérebro para que ele possa fornecer estímulos e ver respostas”, disse em nota Adam Pantanowitz, coordenador do projeto. “A internet no cérebro pode ser aprimorada para classificar gravações em smartphones que vão gerar dados para algoritmos de machine learning”, afirmou.

Segundo o pesquisador, a ação ainda pode influenciar a transmissão de informações entre o cérebro e o mundo exterior, e até entre pessoas. Contudo, isso pode demorar, pois o órgão é muito complexo.

Por enquanto, o projeto é apenas uma prova de conceito. A expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, essa tecnologia acelere estudos sobre o cérebro humano, fornecendo uma interface de fácil acesso para cientistas estudarem, pela internet e em tempo real, as ondas cerebrais que comandam os pensamentos.

Flash

Headfone. Os pesquisadores alcançaram o feito coletando sinais de eletroencefalograma emitidos por um dispositivo acoplado à cabeça do usuário.