Pelo fim da discriminação

Dia da Consciência Negra é marcado com atividades em Belo Horizonte

Data é celebrada em 1.004 cidades brasileiras; psicóloga e integrante Núcleo Conexões de Saberes na UFMG falou com O TEMPO sobre o assunto

Por Da Redação
Publicado em 20 de novembro de 2014 | 15:16
 
 
Luciana Maria de Souza fala sobre a importância da data Foto: Arquivo pessoal

No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra em 1.004 cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, A Universidade Federal de Minas Gerais promove algumas atividades para celebrar a data. Veja aqui a programação completa.

A data foi escolhida por marcar a morte de Zumbi, último líder do maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo dos Palmares.

Comemorada há 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída em 2003 no calendário escolar nacional. Em 2011 foi instituída uma lei que transforma o dia 20 de novembro, oficialmente, em dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra.

Em algumas cidades brasileiras o dia é comemorado oficialmente e tem decreto de feriado.

Opinião - Luciana Maria de Souza, de 29 anos, é psicóloga social, doutoranda em Psicologia pela UFMG e membro do Núcleo Conexões de Saberes na UFMG, conversou com O TEMPO e falou sobre a sua experiência e participação em atividades relacionadas à Consciência Negra.

"Entrei na universidade em 2004 para cursar Psicologia. Nessa época não conhecia quase nada do debate sobre democratização da universidade e sobre a luta por cotas raciais, mas vivia muitos dos efeitos do racismo na universidade. Não tinha professores ou colegas negros e os teóricos que estudava faziam referência ao Brasil como uma harmoniosa democracia racial. A questão é que olhando de perto essa não é a realidade da sociedade ou da universidade brasileira. A nossa universidade se constitui na história como um dos espaços de produção e reprodução das formas de exclusão racial. Seja pela restrição ao acesso e permanência de estudantes negros e negras seja pela produção de conhecimentos marcados por uma lógica branca e eurocêntrica.Nesse contexto a importância das políticas de ação afirmativa está na possibilidade de desconstrução dessas lógicas de exclusão na universidade com reflexos importantes na sociedade. Minha trajetória foi assim. Aprendi a nomear e conhecer o racismo participando do Programa Conexões de Saberes, um programa de extensão universitária com caráter de ação afirmativa. Esse programa se propunha a pautar no ambiente acadêmico as discussões sobre as relações raciais e o enfrentamento ao racismo institucional. Foi nesse espaço de luta e afirmação de resistências negras que, junto com outros colegas negros, construí novas referências para entender a importância da luta contra o racismo e desigualdade raciais do Brasil, sobretudo no ensino superior público.

Venho nesse caminho desde a graduação até agora, no doutorado. No meu entendimento a celebração do “20 de novembro” é a afirmação desse histórico de resistência e luta de negros e negras por formas de reconhecimento e direitos que nos foram historicamente negados. É a marcação da luta e construção de uma sociedade não racista. É um dia muito especial em que a população brasileira, negros e não negros podem rememorar sua história e construir caminhos mais democráticos."