Manuscritos do Mar Morto

Documentos de 2.000 anos estarão na web para consulta

Fragmentos são um mistério para especialistas, que lutam para decifrá-los

Ter, 29/03/16 - 03h00
Material se deteriora rapidamente, e há 3.000 partes não digitalizadas | Foto: Museu de Israel/divulgação

TEL AVIV, ISRAEL. Os Manuscritos do Mar Morto – documentos bíblicos de 2.000 anos descobertos nas cavernas desérticas de Qumran, em Israel – são o maior e mais antigo quebra-cabeça do mundo. Muitos de seus cerca de 20 mil fragmentos – 3.000 deles ainda nem digitalizados – continuam um mistério para especialistas que, há décadas, lutam contra o tempo para encaixar as peças do enigma.

Com orçamento de € 1,6 milhão da Fundação Alemã de Pesquisa (DFG), israelenses e alemães anunciaram, no fim de fevereiro, o projeto Scripta Qumranica Electronica. Será criado um site onde qualquer um, especialista ou leigo, poderá tentar decifrar as charadas escondidas nos documentos.

A rápida deterioração dos milhares e minúsculos fragmentos torna a missão urgente. Os pergaminhos não podem ser expostos à luz natural, sob perigo de perderem ainda mais a nitidez ou se desintegrarem.

Quando os documentos foram encontrados, entre 1946 e 1956, alguns estavam quase intactos graças ao ambiente seco do deserto da Judeia e ao fato de terem passado os últimos 2.000 anos no escuro, dentro de vasos de argila escondidos em cavernas. Mas outros tinham sido reduzidos a pedaços mínimos quase ininteligíveis. Hoje, são mantidos a sete chaves em ambiente especial no Santuário do Livro, do Museu de Israel, em Jerusalém.

É aí que entra a tecnologia. Ferramentas como reconhecimento de caligrafia e textura dos pergaminhos estão sendo desenvolvidas para ajudar a casar as peças sem tocá-las.

As ferramentas não servirão só para encaixar fragmentos, mas para ver formas diferentes de montar manuscritos que já pareciam decifrados. O projeto, com prazo de cinco anos para ficar pronto, é uma colaboração entre especialistas em pergaminhos antigos e cientistas da computação. Juntos, eles vão criar um ambiente virtual e dinâmico no qual os fragmentos digitalizados poderão ser consultados por gente de todo o mundo.

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