Saúde

Droga inédita permite tratamento de casos de mielofibrose

Doença é um tipo de câncer do sangue mais prevalente na terceira idade

Por Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2016 | 03:00
 
 
Esperança. O médico Renato Tavares considera que novo tratamento é mudança de vida para pacientes Foto: renato tavares/divulgação

Pela primeira vez no Brasil, pacientes de mielofibrose podem contar com um tratamento para a doença. No início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do ruxolitinibe, único medicamento no mundo para a doença.

A mielofibrose é um tipo de câncer no sangue que afeta a medula óssea – órgão responsável pela produção das células sanguíneas. A doença acontece quando a medula é substituída, no corpo, por tecido fibroso. A consequência disso é que o órgão para de produzir – ou produz demais – várias células que compõem o sangue. A doença é mais comum em pessoas acima dos 50 anos.

Esse tipo de câncer debilita muito os pacientes, e a evolução natural da doença acabava levando seus portadores à morte. “Ela evoluía para uma insuficiência medular ou para uma leucemia aguda. Mas não é só isso. O outro problema é que, durante esse período, o paciente ficava anos sofrendo, com uma qualidade de vida péssima”, relata o médico Renato Tavares, hematologista do banco de sangue Hemolabor e professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.

Sintomas. Entre os principais sintomas da mielofibrose estão anemia, fraqueza, fadiga, falta de ar, palpitações, palidez, baço aumentado, dor e desconforto do lado esquerdo do tronco. Os mais expressivos, e que devem levantar suspeitas sobre a doença, são o tamanho do baço e o cansaço associado a ele. Ainda não há causas definidas para o problema, mas sabe-se que, como em todos os tipos de câncer, o tabagismo é um fator relacionado ao desenvolvimento da doença.

Até o surgimento do ruxolitinibe, a mielofibrose não possuía nenhum tipo de tratamento. “Usava-se um método paliativo, só para os sintomas. Então, se o paciente tinha anemia, fazíamos transfusões de sangue. Se ele tinha o baço aumentado, dávamos uma droga para desinchar o baço. Era um tratamento sintomático, mas sem uma melhora expressiva”, conta o médico.

O novo medicamento, que, por enquanto, está sendo usado só em pacientes em estágio avançado da doença, mostrou eficácia tanto no gerenciamento dos sintomas como na restauração da função medular. O novo medicamento ainda não tem previsão de comercialização nem estimativa de preço. Ele pode ser importado do exterior a um custo aproximado de R$ 5.000 a caixa.

Flash
Casos.
 A doença tem prevalência média de um novo caso para cada 100 mil habitantes, por ano. Seguindo a estimativa, Belo Horizonte, por exemplo, tem cerca de 2.000 novos casos a cada ano.

ATUALIZAÇÃO: A empresa Novartis, fabricante do medicamento à base de ruxolitinibe, informou, por meio de nota, que os preços da droga no mercado brasileiro já estão disponíveis. "O preço do ruxolitinibe varia de R$ 16 mil a R$ 30 mil, dependendo da apresentação e do ICMS por estado. É importante destacar que os preços dos medicamentos da Novartis são definidos considerando o valor que eles trazem para os pacientes e a sociedade", informa a empresa.

Atualizada às 20h09, em 2 de maio de 2016.