NA ESTRADA

Eles decidiram largar tudo pra trás e viajar pelo mundo de motorhome

Conheça a história de um casal na faixa dos 50 anos, que decidiu largar emprego, estabilidade e colocar a cobertura em que moram a venda, para cair na estrada sem data pra voltar

Por Da Redação
Publicado em 06 de outubro de 2014 | 13:53
 
 
O camper home também foi colocado à venda para dar lugar a um motorhome Foto: ARQUIVO PESSOAL

A ideia de largar tudo pra trás e viajar pelo mundo pode parecer utópica ou coisa de "adolescente" para muita gente. Mas não para o casal Silvan Luciano, de 48 anos, e Cláudia Caetano, de 44, que decidiu abrir mão do luxo e da estabilidade que tinham morando em uma cobertura no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha em Belo Horizonte, para cair na estrada à la Jack Kerouac (escritor da geração beat e autor de vários sucessos, entre eles, o atemporal "Na estrada").

Ele é geotécnico e alcançou, depois de 20 anos de trabalho, a posição profissional na qual sempre almejou estar. Ela, gerente de compras, também confessa o sucesso profissional depois de anos de carreira. Mesmo assim, eles deixarão seus respectivos empregos para se dedicar ao maior projeto de suas vidas: viajar pelo mundo em um motorhome. Para isso, Silvan vendeu a Harley Davidson que utilizava para viajar com a mulher pelas América Latina, e já colocou o apartamento a venda.

"Eu e ela estamos juntos há 15 anos e sempre adoramos viajar. Já conhecemos  várias partes do Brasil, a Argentina, o Chile, o Peru, etc., e a medida em que viajávamos, o desejo de estender nossos territórios só aumentava. Fizemos tudo isso de moto ou de camper home [uma espécie de "casa móvel" acoplada em uma caminhonete], mas agora que vendi a moto e fiquei meia hora chorando na garagem depois de me despedir dela, a ideia é viajar com o motorhome que compramos para vários lugares do mundo, como Europa, África, Oceania... Pensamos em um roteiro de viagem, mas não é nada definido. O camperhome e o apartamento já estão a venda", conta o geotécnico.

A mulher compartilha do mesmo desejo de conhecer o mundo. "Eu cheguei a conclusão de que a vida passa muito rápido pra gente não fazer isso. A primeira pergunta que as pessoas fazem é quando iremos voltar, mas a gente não sabe. E também não queremos saber. Vamos ver no que vai dar. Queremos conhecer muitas coisas ainda, pessoas diferentes, paisagens fantásticas e, principalmente, aproveitar ao máximo o contato com a natureza que essa viagem vai nos proporcionar. Indo de motorhome nós teremos mais possibilidade de isso acontecer, do que indo de avião. Porque iremos parar, de repente, em um lugar totalmente exótico pra tomar um café da manhã, e poderemos ter essa possibilidade, de parar e ficar em qualquer lugar que quisermos"", conta Cláudia.

O casal se mostra empolgado com a empreitada, e não se arrepende do desapego. "Para fazer isso, precisávamos deixar nossos empregos, nossa ´boa vida´aqui. E fazendo isso, iremos gastar um quarto do que gastamos aqui em BH. Você tem ideia da qualidade de vida que isso vai nos trazer? Tudo bem que o motorhome é pequeno, não tem tanto luxo, mas em compensação, o quintal é enorme", brinca Silvan.

Mas a dupla, que extrapola os limites do casamento e assume também a amizade e a parceria, não pretende cair no mundo de mãos abanando. "Nesses quatro meses que ainda restam, a gente vai fazer um curso de primeiros socorros, mergulho, mecânica, curso de 4X4, e outras coisas que poderão surgir. Estaremos nos preparando pro que der e vier", conta o viajante. 

Para assumir o sonho de conhecer o mundo "sem sair de casa", muitas coisas terão que ser deixadas de lado, como a vaidade. Cláudia, dona de compridos e bem cuidados cabelos negros, confessa que não se importa. "Até porque eu não sou muito apegada a isso, a vaidade que tenho é em relação a higiene, coisas assim. Não sou muito apegada a salto alto e não uso secador nem pra ir a um casamento, então, acredito que não terei problemas neste sentido. Mas é claro que a gente vai ter que se desapegar de algumas coisas, vamos ter que aderir a roupas práticas, fáceis de lavar, de secar, roupas leves, mas também algumas roupas de frio. Isso também não me assusta, posso criar o meu estilo na viajem", diz.

O casal pretende "se livrar" das coisas que o prendem aqui até o final do ano, e comprar um apartamento menor para deixar alugando e também para ter um lugar para voltar, quando quiserem. A viagem já está marcada, para o dia 1° de maio do ano que vem, "porque o meu netinho vai fazer 1 ano no dia 30 de abril, e eu quero estar aqui para acompanhar isso, antes de ir". No entanto, ainda não há data de volta. "Estipulamos que duraria uns quatro anos, mas não tem nada definitivo. E se gostarmos de algum lugar e decidimos ficar? E se gostarmos tanto dessa vida a ponto de não conseguir parar? Quem sabe o que vai acontecer? Mas sinceramente, preferimos assim", finaliza Cláudia.