Limites

Estudo causa polêmica ao dizer que exercício em excesso faz é mal 

Indicação é de caminhar até 76 km ou correr até 48 km a cada semana

Sáb, 16/08/14 - 03h00
Dica. Não ultrapassar as cinco horas semanais de exercícios vigorosos seria um limite seguro para a saúde, diz estudo | Foto: Foto: Douglas Magno / O Tempo

ROCHESTER, EUA. Fazer pelo menos 150 minutos de exercício físico moderado por semana. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é repetida à exaustão por profissionais de saúde, que tentam convencer o público da importância de ter uma vida ativa, especialmente na prevenção de doenças.

Porém, existem evidências do aumento de mortes por problemas cardiovasculares entre aqueles que levam à orientação ao extremo e acabam se exercitando além do que o corpo pode aguentar. Um levantamento com esses dados foi publicado nesta semana na revista “Mayo Clinic Proceedings”.

Os pesquisadores Paul Williams (do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia) e Paul Thompson (do Hospital Hartford, em Connecticut) estudaram a relação entre exercício e mortes por doença cardiovascular em cerca de 2.400 sobreviventes de ataques cardíacos que são fisicamente ativos.

Eles mostraram uma redução de 65% de risco de mortes cardiovasculares entre pessoas que corriam menos de 48 km (30 milhas) ou caminhavam menos de 76 km por semana. Além desse ponto, entretanto, boa parte dos benefícios relacionados à atividade física foram perdidos, no que é descrito pelos pesquisadores como “curva de J invertido”.

“Esses são os primeiros dados com humanos que mostram o aumento significativo do risco cardiovascular no caso de exercícios de nível muito elevado”, disseram. “Os resultados sugerem que os benefícios de correr ou caminhar não são acumulados indefinidamente. Eventos competitivos de corrida também parecem aumentar esse risco”.

Eles ressaltam que o estudo consistiu em avaliar sobreviventes de ataques cardíacos, e por isso as descobertas não podem ser generalizadas para todos que praticam exercícios pesados.

O estudo salienta que uma quantidade de exercícios vigorosos que não ultrapasse as cinco horas semanais é o limite seguro que garante benefícios para a saúde do coração e o aumento da expectativa de vida. Também pode ser produtivo tirar uma folga de um ou dois dias por semana do exercício muito intenso. Eles recomendam que indivíduos sedentários ou que exageram na dose teriam mais benefícios se mantivessem uma faixa moderada.

“A maioria dos pacientes com doenças cardíacas deveria se exercitar, e, em média, fazer de 30 a 40 minutos de atividade na maioria dos dias. Do ponto de vista da saúde, não há razão para se exercitar muito mais do que isso”, disse Carl Lavie, cardiologista do Instituto John Ochsner do Coração, em New Orleans.

“Como Hipócrates disse há mais de dois mil anos: ‘se pudéssemos dar a cada indivíduo a quantidade certa de nutrição e exercício físico, nem pouco nem muito, encontraríamos o caminho mais seguro para a saúde’. Eu e meus colegas acreditamos que essa continua a ser uma sábia orientação”.

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