Ultrassensível

Exame que detecta infecção pode prever doenças coronarianas

Análise da Proteína C Reativa no sangue identifica inflamações

Por Da Redação
Publicado em 05 de junho de 2017 | 03:00
 
 
Situação. Coleta de sangue deve ser avaliada na suspeita de processos inflamatórios e doenças cardiovasculares Foto: Antonio Corigliano / Pixabay

Os exames de análise da Proteína C Reativa (PCR) têm se tornado cada vez mais comuns nos pedidos de check-ups médicos. O motivo, segundo a especialista da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Tania Martinez, está no estilo de vida “inadequado” dos pacientes, muitas vezes estressados e com sobrepeso.

A função do exame é identificar se essa proteína – que é produzida no fígado – está circulando no sangue. Nessas situações, ela funciona como um marcador de inflamações ou infecções no organismo. “Ela não é específica para uma doença em particular e pode aumentar em quadros de virose, infecções bacterianas e processos reumáticos, entre outros”, diz.

Essa proteína praticamente inexiste na circulação de pessoas saudáveis. Mas, em episódios de inflamação ou infecção aguda, sua concentração pode aumentar até mil vezes. Por isso, diz-se que a PCR é uma proteína de fase aguda.

Esses processos inflamatórios vão ser especialmente importantes para os pacientes com risco de doenças coronarianas.

De acordo com Tania, qualquer estado inflamatório em um paciente que apresente outros fatores de risco (colesterol alto, hipertensão, diabetes) representa um sinal de alerta para que seja disparado um protocolo de atendimento. Isso porque, nesses casos, o quadro pode representar risco iminente de infarto, angina e derrame. “Uma simples inflamação na raiz do dente pode acelerar um evento cardíaco que estava ali latente em pessoas de alto risco”, alerta a médica.

Sem alarde. O fato de o exame da proteína C reativa estar alterado, no entanto, não significa uma “sentença de morte”, tranquiliza o cardiologista Firmino Haag, da rede de hospitais São Camilo de São Paulo.

“Por ser considerado um marcador inespecífico, achados laboratoriais de elevação de PCR não devem ser considerados isoladamente como preditores de gravidade. É sempre necessário que haja correlação clínica associada a outros exames”, explica.

Entre as condições não infecciosas que podem provocar elevação da PCR também estão apendicite aguda, pancreatite aguda, doença inflamatória intestinal, queimaduras e traumatismos. Os médicos recomendam que o exame entre no rol dos pedidos anuais a partir dos 30 anos, ou até antes, em casos de fatores de risco.


Técnica

Forma de medir ficou mais precisa

Nos últimos anos, o exame para a identificação da proteína C reativa foi aprimorado, e dosagens menores passaram a ser detectadas. “Antes, o exame era mais ‘grosseiro’ do o que temos agora, que detecta até quantidades ‘minúsculas’. Por isso, essa nova técnica é conhecida como sendo de maior sensibilidade. Nos pedidos médicos, o exame aparece como proteína C reativa AS (Alta Sensibilidade)”, diz a médica Tania Martinez, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Pacientes internados com algum tipo de infecção ou inflamação também costumam ser submetidos ao exame de sangue com análise da proteína C com frequência, para que o estágio do quadro seja acompanhado. “A proteína é boa medidora da evolução do processo infeccioso, não é só na cardiologia, mas em qualquer doença para ver se houve melhora ou piora”, diz.

Ao sinal de elevação dos índices de PCR, o tratamento será avaliado de acordo com cada caso. (LM)


Flash

Risco. Dos biomarcadores inflamatórios, a proteína C reativa emergiu como a melhor ferramenta clínica para a detecção de risco cardiovascular. O estado inflamatório ajuda a precipitar evento coronariano de quem já apresenta outros fatores de risco. Cinquenta por cento do risco cardiovascular pode ser medido pelo índice de colesterol. A outra metade pelo marcador da proteína elevado.