Não é emocional!

Genética pode ser culpada pelo xixi na cama após os 5 anos

O xixi na cama (enurese) é uma condição muito frequente que atinge cerca de 15% das crianças com mais de 5 anos de idade

Qui, 04/04/19 - 11h00

Você sabia que a genética pode ser a grande causa do xixi na cama em crianças com mais de 5 anos de idade? É muito comum a sociedade julgar pais e mães – e as crianças! – que fazem xixi na cama após os cinco anos de idade. Porém, o que poucas pessoas sabem é que a causa pode ser genética. 

O xixi na cama é uma condição muito frequente que atinge cerca de 15% das crianças com mais de 5 anos de idade. Mas, se as perdas involuntárias se tornarem recorrentes, a ajuda de um médico é essencial para evitar mais transtorno na família. 

Para solucionar o problema da criança, é necessário entender se os pais também tiveram enurese. A genética é responsável por 75% dos casos, sendo que, caso um dos pais tenha tido o transtorno, a chance de o filho ter é de 44%. Caso os dois tenham sofrido com a escapada do xixi na madrugada, a chance de a criança ter sobre para 77%.

Segundo o pediatra e membro da Academia Americana de Pediatria, Vincent Iannelli, “grande parte dos casos é relacionada à hereditariedade, sendo apenas 15% por outras motivações e, raros casos, por distúrbios do sono, diabetes, problemas físicos e psicológicos”. 

Identificar o transtorno o quanto antes ajuda no começo do tratamento. “Com muita frequência, os distúrbios miccionais não são valorizados nas consultas de rotina, por isso, observar a criança e estar atento aos sinais é fundamental para o diagnóstico. Por ser uma fase de desenvolvimento infantil, acordar molhado até os 5 anos de idade pode ser considerado normal. Mas, após esta idade, é importante que a possibilidade de enurese seja considerava pelos pais e pelo pediatra”, diz o urologista E professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Atila Rondon.

Além da genética, outros fatores podem predispor o xixi na cama, como a deficiência de secreção de vasopressina noturna (substância que diminui a produção de urina durante a noite), bexiga pequena para a idade ou hiperativa (diminuindo a capacidade do órgão de reter a urina), problemas estruturais no trato urinário e dificuldade de acordar a noite, em resposta à bexiga cheia.

De acordo com o especialista da SBU, “o mais comum é a deficiência no hormônio antidiurético: a substância responsável por diminuir em até 80% a produção de urina durante a noite. É só assim que as pessoas passam oito horas dormindo sem precisar ir ao banheiro”.

Diagnóstico e tratamento
Além de considerar os antecedentes pessoais e familiares, o diagnóstico pode ser feito com observação do desenvolvimento psicomotor, com informações sobre o treinamento e controle esfincterianos e os sintomas de distúrbios relacionados ao enchimento e esvaziamento da bexiga. Adicionalmente, pode ser necessário submeter a criança a um exame genital, neurológico, de urina e de sangue.

A enurese pode ser tratada com orientações comportamentais, medicamentos, fisioterapia específica ou até mesmo, psicoterapia. Entretanto, a parte mais importante do tratamento é a família compreender os motivos e a evolução clínica da enurese, evitando castigos, repreensões ou até mesmo sentimento de culpa e frustração, já que os episódios podem oscilar mesmo a partir dos métodos sugeridos pelo especialista. É preciso paciência, carinho e constante acompanhamento médico.

“O apoio da família é fundamental para o sucesso no tratamento. Punir a criança, expor o problema do pequeno aos amigos ou familiares não resolve o problema e, pior, atrapalha ainda mais o processo de cura”, ressalta Atila Rondon. Valorizar as noites secas também é uma etapa importante do tratamento que precisa ser feita com carinho e paciência. 

Principais sinais que merecem a atenção dos pais para detectar a enurese:

1.Cama molhada após os 5 anos: se o seu pequeno nunca chegou a mostrar um padrão de noites sequinhas após os cinco anos, é preciso procurar a ajuda de um pediatra. A persistência dos episódios de xixi pode caracterizar a chamada enurese primária, que é quando a criança não apresenta períodos prolongados de controle da urina.

2.Cama molhada após ter adquirido o controle: quando a criança chega a ficar por um período de seis meses ou mais sem fazer xixi na cama e volta a molhar depois deste tempo, é importante procurar ajuda de um pediatra e até mesmo de um psicólogo. Isso porque, nestes casos, as perdas estão geralmente associadas a fatores emocionais (estresse, medo, tristeza, ansiedade, entre outros). Quando há essas perdas de xixi sem motivo aparente, chamamos de enurese secundária.

3.Alterações de cor no xixi: é importante que os pais verifiquem também possíveis alterações na coloração da urina.  Xixi cor mel ou âmbar podem indicar desidratação, se estiver na cor laranja está relacionado com a falta de água ou problemas biliares, por exemplo. Ao verificar mudanças de cor, é importante que a criança se consulte com um urologista, que irá diagnosticar as possíveis causas.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.