Câncer

Manter as crianças em atividade aumenta as perspectivas de cura

Pesquisa mostra a importância de se criarem espaços de desenvolvimento

Sáb, 24/02/18 - 03h00

Rita Aparecida Caetano, de 1 ano e 5 meses, começou a andar com apenas 11 meses, mais rápido que muitos bebês. Ela se desenvolvia bem até aparecer com a barriga inchada, em dezembro passado. Depois de alguns diagnósticos errados, a família descobriu que ela tinha um tumor maligno no fígado. Desde então, faz quimioterapia em Belo Horizonte e, concomitante ao tratamento, parou de caminhar.

Assim como ela, muitos pequenos deixam de andar, brincar ou exercer outras atividades simples do dia a dia por conta do câncer. A pesquisa “Perfil demográfico, epidemiológico e funcional”, feita na Casa de Acolhida Padre Eustáquio (Cape), na região da Pampulha – uma das principais da capital no atendimento a crianças e adolescentes com a doença –, mostrou que pelo menos metade dos pacientes apresentam algum atraso nas habilidades motoras e comportamentais.

A instituição atende, em média, cem pacientes e acompanhantes por mês. O estudo, feito pelas estudantes de fisioterapia Evelyn Beatriz de Souza Carmo e Josiany Kelly de Lima Borges, do Centro Universitário Uni-BH, identificou, na faixa etária de 0 a 6 anos, 50% das crianças com algum atraso psicomotor. Entre os pacientes de 5 a 15 anos, 85% apresentaram alguma incapacidade (de leve a grave) no teste de desempenho.

“A pesquisa mostra que tratar o câncer é essencial, mas é importante também acompanhar o desenvolvimento dessas crianças e tomar as medidas necessárias ao longo do tratamento. Ela não pode brincar em uma praça naquele momento, mas é possível, dentro do hospital ou de uma casa de acolhimento, estimular essas atividades”, afirmou a professora do Uni-BH e orientadora do estudo, Juliana Magalhães Machado Barbosa.

A pesquisa defende que, quanto mais os pacientes estão plenos em funcionalidade, maiores as chances de cura. “A criança funcional, além de se sentir bem, se recupera melhor”, explicou Evelyn. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a sobrevida estimada no Brasil por câncer entre jovens é de 64%.

Na Cape, a estimativa é de 80%, segundo percepção dos profissionais, que atribuem o resultado à assistência dada aos pacientes, como brinquedoteca, parquinho, escola regular etc. “Minha filha está até voltando a andar”, disse Jaqueline Aparecida Caetano, 22, mãe de Rita.

Saiba mais

Cape. A Casa de Acolhida é uma instituição sem fins lucrativos e atende o público do interior de Minas e outros Estados, que faz tratamento na capital e não tem onde ficar. Além de moradia, oferece comida, transporte, lazer e escola regular.

Como ajudar. Quem se interessar em ajudar pode conferir o site www.cape-mg.org.br ou ligar para 3401-8000 e agendar uma visita. 

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