Celebridades quebram o protocolo e repetem looks com naturalidade

Grandes e glamourosas premiações, como o Oscar e o Grammy, funcionam como uma espécie de passarela para atualizar as tendências da moda festa. Celebridades desfilam, no tapete vermelho, seus deslumbrantes trajes de gala, que, inevitavelmente, despertam o interesse do público. Claro, a maioria deles serve apenas de inspiração para a vida real – afinal, singelos mortais nem sempre têm acesso a um modelo exclusivo da Dior, para citar um exemplo.

Mas, sim, é possível extrair, dessas aparições, alguns oufits adaptáveis a nossa realidade. Não parece ser acaso que, após a recente cerimônia do Oscar, em Los Angeles, o vestido usado pela atriz porto-riquenha Rita Moreno, 86, tenha liderado as buscas relacionadas ao evento no Google. E não era para menos: afinal, ela adaptou o mesmo vestido que usou ao vencer a premiação... em 1962! Para a jornalista, mestre e doutora em comunicação e moda Carla Mendonça, o red carpet do Oscar tem um impacto similar a uma semana de moda, no que diz respeito a divulgar tendências (inclusive para cabelos e maquiagens). “É um difusor potente de imagens. Porém, o que é mostrado no red carpet geralmente são propostas mais adaptáveis ao consumidor ‘comum’ do que as apresentadas em uma semana de moda. É por isso que até as polêmicas ganham um holofote gigantesco”, analisa, justificando a repercussão do look de Rita.

Além de Rita, a atriz Tiffany Haddish usou, pela terceira vez, um longo branco de Alexander McQueen, lançando, mais uma vez, a questão: quantas vezes podemos repetir um vestido em ocasiões de visibilidade como essa? “O discurso de ser minimalista, de comprar menos e usar mais, está no mundo, e essa edição do Oscar mostra que esse sonho glamouroso é cada vez mais possível”, disse Carla.

A jornalista Fernanda Ribeiro, apresentadora do programa Esquema Novo, no YouTube que também comandou um projeto sobre os filmes dos Oscar, acredita que, apesar da expectativa em relação à produções das atrizes, essa edição do evento ficou mais marcada pelos posicionamentos políticos e sociais com temas como assédio sexual e visibilidade latina. “As roupas também foram uma forma que as mulheres encontraram para se expressar. Nessa edição, senti que elas foram mais discretas, porém sempre maravilhosas. Me inspira muito mais quando tem mulheres com a coragem de repetir roupa e principalmente de assumir isso. Mesmo sendo mulheres tão distantes da nossa realidade, elas ficam mais próximas de nós, de alguma maneira”, acredita.

A atitude de Tiffany pode ser vista também como uma iniciativa que legitima a prática da repetição de roupa em ambientes formais. A própria duquesa de Cambridge, Kate Middleton, já foi clicada várias vezes “requentando”. Na vida real, ainda temos o desafio de passar incólumes ao julgamento do outro. “Uma dica para se usar novamente um vestido de festa, mesmo em um mesmo ciclo social, é pensar nesta roupa, só que de forma diferente. Vale trocar o acessório, o sapato ou inovar no penteado para repensar a produção”, sugere Carla.