Sônia Gomes

Por Da Redação
Publicado em 04 de março de 2011 | 20:44
 
 

Mineira de Caetanópolis, a artista plástica Sônia Gomes sempre demonstrou uma insatisfação com as coisas que a cercavam. Mas a inquietude não se perdia em lamentos, era canalizada em energia criativa. “Desde muito cedo, modifico tudo ao meu redor: roupas, bonecas e outros brinquedos. Até minhas bijuterias sou eu quem faço. Nunca gostei de coisas convencionais, se não existia algo, eu criava”, conta.

“Criada para morar no interior para ser uma professora primária”, Sônia conseguiu deixar sua cidade natal sob o pretexto de se embrenhar nos códigos e leis da faculdade de direito. Advogou por 15 anos em Belo Horizonte até finalmente poder se dedicar exclusivamente à arte.

“Poderia ganhar dinheiro com a advocacia, mas arte que é a minha verdade”, diz. Sua “verdade” é uma extensão da sua vontade de modificar a realidade. Os objetos mais prosaicos – como mesa, sofá, espelho, telefone – ganham ares poéticos nas reconfigurações e combinações feitas pelas mãos de Sônia. Foi justamente isso que chamou a atenção para a mineira. Com exposições realizadas na França e Argentina, a artista também é parte do elenco que compõe o importante “A Mão Afro-Brasileira”, livro publicado pelo Museu Afro-Brasil.

Apesar de sua ascensão no mercado, a arte “paga contas e só” por enquanto. Mas Sônia tem ambições muito maiores, quer que seu trabalho atinja em cheio terras estrangeiras. “Se eu não fosse mulher, negra e, agora, um ‘pouco mais experiente’, talvez o caminho tivesse sido mais fácil. Mas sou taurina, sou teimosa e não vou desistir nunca.”

Solteira e sem filhos, Sônia nunca se sentiu sozinha. “Tive que resolver tanta coisa na minha vida que isso foi posto de lado. O que me mantem viva mesmo é arte, é meu alimento. Sem isso, estaria morta”. (Sávio Vilela)