Organismo

Pão mofado esconde riscos que vão de alergia a tumor no fígado

Chances de reações adversas são pequenas, mas especialistas recomendam o descarte do alimento

Por Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2017 | 03:00
 
 
Aparência. Cortar a parte mofada do pão pode parecer uma solução, mas mesmo assim especialistas fazem ressalvas sobre o consumo Foto: Pixabay

NOVA YORK, EUA. Essa é uma das cenas mais comuns do dia a dia na cozinha: você vai preparar um sanduíche, pega o pão e se depara com uma parte esverdeada, feia, mas usa a faca e tira o mofo fora. Na verdade, o que saiu nisso tudo foi somente a ponta do iceberg. Isso porque os pães são porosos, podendo ter uma área maior contaminada pelos fungos.

“Você pode ver a colônia de bolor, por causa da coloração associada a ela. Mas o que você não pode ver é o mofo espalhado”, alerta o professor de microbiologia Randy Worobo, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

Entre algumas das reações causadas por esse consumo indevido estão alergias e problemas respiratórios, explica Marianne H. Gravely, educadora do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

O órgão recomenda o descarte de pães e outros alimentos assados com mofo. Isso porque alguns fungos, em determinadas condições, podem produzir substâncias perigosas chamadas “micotoxinas”. Entre as piores delas estão as aflatoxinas, que têm o potencial de levar ao desenvolvimento de câncer no fígado e podem ser encontradas em amendoim e milho durante o processo de colheita e armazenamento.

Difícil de saber. De fato, Worobo reconhece que a recomendação de descarte é basicamente uma medida de segurança, pois os riscos dessas reações são mínimos.

Entretanto, o professor alerta para a dificuldade de identificação daquilo que está sendo ingerido. Segundo ele, a grande questão sobre os bolores não está relacionada necessariamente à toxicidade. O ponto a ser levado em conta é a grande variedade de tipos de fungos, o que torna difícil para as pessoas distinguirem os inofensivos dos ruins.

Por isso, ele descreve ainda outros dois exemplos de efeitos adversos. Em um deles, o indivíduo pode acabar ingerindo Stachybotrys – também conhecido como mofo preto –, que é tóxico e pode afetar o sistema respiratório. “Ele pode realmente irritar a boca, a garganta e o nariz. E, se for em uma concentração elevada, pode levar a um quadro de choque, hemorragia ou necrose”, afirma.

Em outro caso, a infestação pode ser de tipos bons de mofos que produzem antibióticos. “Mas, se uma pessoa é alérgica a antibióticos, e o pão estiver contaminado com esse tipo de mofo, pode ter uma reação alérgica”, destaca, alertando para a possibilidade de efeitos mais graves, como choque anafilático.


Opção

Corte com margem de segurança

NOVA YORK. Se mesmo após a recomendação de descarte do pão mofado as pessoas ainda optarem pelo consumo, uma das dicas é cortar não somente o mofo, mas uma grande margem de segurança, recomenda a educadora Marianne H. Gravely, segundo artigo no jornal “The New York Times”.

Ela sugere uma checagem minuciosa do restante do alimento, para garantir que não há outras manchas do bolor. A especialista lembra que o mofo é uma indicação de que o alimento ficou guardado por muito tempo e passou da validade. O alerta é ainda para bactérias que podem estar presentes no alimento e que são invisíveis a olho nu.

Gravely recomenda ainda que não se deve cheirar o mofo observado na comida, pois isso pode levar a problemas respiratórios se partes do fungo forem inaladas. Assim, uma dica de segurança é fechar a parte a ser descartada em uma sacola plástica e colocar no lixo com tampa.


Empresa cria técnica que previne bolor

LONDRES, REINO UNIDO. Uma empresa norte-americana afirmou ter desenvolvido uma técnica que poderia manter um pão livre de mofo por 60 dias. Segundo a Microzap, para que isso seja possível, o pão é submetido a uma bateria de micro-ondas que matam os esporos causadores do mofo em uma espécie de forno metálico.

A nova técnica poderia reduzir a quantidade de pão desperdiçada, além de poder ser utilizada para proteger uma ampla variedade de alimentos contra o mofo.