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Por um Natal desconectado, indústria se rende às famílias

Bonecos de desenhos e animaizinhos de décadas passadas voltaram com tudo

Por Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2014 | 04:00
 
 
O retorno. Os bonecos Tartaruga Ninja, que pareciam esquecidos, voltaram com tudo neste Natal, com a reedição da série lançada em 1984 Foto: Sasha Maslov/The New York Times

Nova York, EUA. Há um momento na comédia de Seth MacFarlane “Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola”, ambientada nos anos de 1880, em que um garoto rola um aro na rua com um pedaço de madeira. “Isto não deve fazer bem para o cérebro, certo?”, o personagem de MacFarlane diz. “É, eles perdem a capacidade de inovar porque ficam olhando para o aro o dia todo”.
 

A óbvia crítica de MacFarlane na onda contra os brinquedos digitais é especialmente apropriada nas festas de fim de ano, agora que mais pais procuram brinquedos que ajudam a arrancar seus filhos de suas diversas telas. “Mesmo com todos os dispositivos eletrônicos que existem na vida de uma criança, elas ainda gostam de uma brincadeira básica”, disse Jim Silver, editor-chefe da TTPM, um site de análise de brinquedos.

Um item da feira anual de brinquedos da TTPM em outubro não poderia ser mais simples. Três fabricantes promoveram a areia cinética, uma substância pegajosa que fica entre a massinha e a farinha de trigo em consistência e provavelmente tem menos aplicação prática do que as duas. As crianças podem brincar com a areia cinética espalhando, enrolando e juntando-a a outros pedaços de areia, bem parecido com que os seus pais fizeram com massinha décadas atrás. “Elas ainda brincam basicamente da mesma maneira que brincavam há dez anos”, Silver disse.

As artes e os trabalhos manuais, os animais robôs e até mesmo os brinquedos antigos estão em grande demanda este ano, e brinquedos e jogos baseados em programas infantis permanecem populares. Os animais de brinquedo, novos e antigos, estão entre os mais vendidos agora.

O Zoomer Dino, um dinossauro robótico, tem sido procurado em todos os Estados Unidos, inclusive na Target e na Toys “R” Us. Os robôs Zoomer esgotaram no ano passado, com alguns sendo vendidos no eBay por preços bem acima do varejo. Pássaros digitais, como DigiBirds e os Little Live Pets, que piam e interagem com os usuários, também são populares.

Moda antiga. E os brinquedos retrô estão desfrutando de um ressurgimento. O Puppy Surprise, uma volta aos anos 90, está passando por certo renascimento após ser reintroduzido pelo fabricante, a Just Play, recentemente. A ideia é bem simples: uma cadelinha que vem com uma ninhada de filhotes. “Notamos isso pela primeira vez há cerca de seis semanas, quando ele foi o brinquedo mais acessado no nosso site. E depois checamos online e percebemos que, naquele momento, ele estava esgotado em todos os lugares”, Silver disse.

Em setembro, a Just Play fez uma pausa nos seus anúncios na TV enquanto reabastecia os varejistas, segundo a porta-voz Jen Derevensky. “Não sei dizer qual o motivo exato. Os pais quase sempre o tiveram na infância”, Silver disse sobre o fato de o brinquedo ter se tornado tão popular. As catalogações no eBay dos produtos da American Doll subiram 189% neste ano, declarou Will Crain, porta-voz do site, ao passo que as do Furby, o bichinho peludo robô muito popular nos anos 90, aumentaram 303%.

Ainda assim, a nostalgia não pode concorrer completamente com o poder da publicidade dos conglomerados internacionais como a Disney ou a Viacom, que continuam a lucrar com brinquedos, jogos e outros produtos baseados em suas animações.

Ninjas. A Nickelodeon, uma subsidiária da Viacom, iniciou o programa de TV “Tartarugas Ninja” em 2012, e a venda dos bonecos de ação baseados nos super-heróis anfíbios está em alta desde então. No ano passado, as vendas atingiram US$ 200 milhões de dólares no mundo inteiro. “Há três, quatro, cinco anos atrás, as Tartarugas estavam mortas. O Nickelodeon trouxe o desenho de volta”, Silver disse sobre a série lançada em 1984. A Disney, enquanto isso, transformou “Frozen” em um império de vendas. A empresa já vendeu o valor de US$ 1 bilhão de brinquedos, roupas e até creme dental baseados em seus personagens animados, quase a mesma quantidade que o filme arrecadou nas bilheterias ao redor do mundo, segundo a Box Office Mojo.