Saúde

Aplicativo promete ajudar pacientes com doença de Parkinson

Estudantes de medicina da UFMG criam relógio que rastreia tremores

Seg, 18/12/17 - 02h00
A professora Janette Franco, 55, o foi diagnosticada com Parkinson aos 46 anos de idade | Foto: Mariela Guimarães

Um relógio de pulso promete auxiliar no tratamento dos pacientes com doença de Parkinson, de causa desconhecida e sem cura. Batizado de “Rhythym Watch” (ou “relógio do ritmo” em inglês), o software utiliza um medidor de aceleração para coletar dados sobre o paciente. Ele rastreia os tremores – comuns em alguns pacientes com a doença –, que são processados e transmitidos para um celular. Com isso, os médicos poderão avaliar a progressão dos tremores e se a dosagem dos medicamentos que o paciente toma deve ser ou não ajustada.

A iniciativa partiu de alunos do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durante uma competição de tecnologia que aconteceu na Finlândia, no mês passado. Bruno Nascimento, Gabriel Paganini, Alex Gonçalves, Mariane Melo e Marco Roque ganharam o prêmio na categoria saúde competindo com 15 equipes de outros países.

“Quando o paciente coloca o relógio no pulso, é necessário acionar o aplicativo para iniciar a medição dos tremores. Dentro de dez segundos, temos a medição”, explica Bruno Nascimento, 26. Nascimento afirma que o ideal é que o paciente faça a medição duas vezes ao dia: uma na hora de tomar a medicação e a outra quando os tremores começarem a diminuir. “É nesse ponto que podemos analisar os dados obtidos e ver se houve, de fato, alguma alteração”, esclarece.

Bônus. Assim que as informações ficam disponíveis, o Rhythym Watch sugere alguma atividade física ao paciente, como uma volta no quarteirão, por exemplo. “Quando o paciente completa a atividade, ele tem direito a uma recompensa. Pode ser andar na rua ou comer alguma coisa. A intenção é que os familiares o ajudem a realizar esse desejo”, diz o estudante.

De acordo com Nascimento, o objetivo, nesse caso, é incentivar o paciente com a doença a praticar atividades físicas e promover sua interação social. “Os tremores causados por Parkinson são a causa do estigma que envolve os pacientes e, portanto, de exclusão social”, opina.

O Rhythym Watch ainda está em fase de desenvolvimento. A intenção dos criadores é promover mais estudos com pacientes dentro da UFMG antes de disponibizá-lo. “Também estamos buscando investidores, mas queremos lançá-lo até o meio do ano que vem”, diz Bruno.

Expectativa. “Nossa esperança reside nessa área”, declara a professora Janette Franco, mostrando satisfação ao ver a tecnologia auxiliando os pacientes com Parkinson.

Pessoa pode ter uma vida de qualidade

Diagnosticada com Parkinson há nove anos, a professora Janette Franco, 55, presidente da Associação dos Parkinsonianos de Minas Gerais, afirma que a doença não limita seu cotidiano. “Mesmo com a lentidão, a rigidez e os tremores – principais sintomas –, viver com Parkinson é possível, desde que você consiga dar mais importância à vida do que à doença. Isso inclui fazer o tratamento, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios”, diz.

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