Saúde

Arritmia mais comum é desconhecida por 63% dos brasileiros

Pesquisa ouviu mais de 2.000 pessoas sobre a fibrilação atrial

Seg, 20/11/17 - 02h00
O estudante Daniel Rodrigues, 18, usou medicamentos durante três anos | Foto: arquivo pessoal

Um coração na batida certa é sinônimo de saúde. No entanto, uma pesquisa constatou que 63% dos 2.061 brasileiros entrevistados nunca ouviram falar sobre a fibrilação atrial, o tipo de arritmia cardíaca mais comum do mundo.

Os dados foram divulgados neste mês e fazem parte da campanha O Som do Coração, com o objetivo de conscientizar a população sobre sintomas, riscos, diagnóstico e tratamento da doença. A iniciativa é da empresa Boehringer Ingelheim (BI), com o apoio do Instituto Lado a Lado pela Vida, Associação Mineira do AVC (AMAVC) e Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

E a preocupação tem fundamento: de acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), cerca de 20 milhões de brasileiros sofrem com esse tipo de doença. Juntas, elas provocam mais de 320 mil mortes súbitas no país.

O cardiologista Thiago Rodrigues, membro da Sobrac, explica o que é fibrilação atrial. “É quando o ritmo de batimento das câmaras superiores do coração, chamadas de átrios, apresenta anormalidades, batendo mais aceleradamente do que o considerado como normal e de forma irregular”, diz.

O médico esclarece que essa arritmia dos átrios faz com que os impulsos elétricos e, consequentemente, o fluxo sanguíneo sejam transportados de maneira inadequada para as câmaras cardíacas inferiores (ventrículos) e para o restante do corpo.

Segundo o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, professor da PUC Campinas, existem três tipos. “Ela pode ser paroxística, que dura poucos segundos, vem e volta. Há a persistente, que não para espontaneamente, mas que poderá ser interrompida se for corretamente tratada. E, por fim, a permanente, que dura a vida inteira, mas totalmente controlável com medicamentos anticoagulantes e um estilo de vida saudável”, afirma.

O estudante Daniel Rodrigues, 18, foi diagnosticado aos 12 anos. “Sentia que meu coração acelerava, e que meus dedos ficavam roxos”, diz. Ele conta que a mãe o levou ao médico. “Durante três anos, usei medicamentos anticoagulantes. Os batimentos estabilizaram, e hoje não preciso mais tomar. Mas faço exercícios e mantenho uma boa alimentação”, garante.

Precoce. “A minha mãe teve fibrilação atrial, então, quando apresentei os primeiros sintomas, ela me levou logo ao médico. Fiz o tratamento do jeito certo e hoje tenho uma vida normal”, diz Daniel Rodrigues.

Arritmia pode elevar risco de se ter AVC

A fibrilação atrial preocupa os médicos porque pode aumentar, em até cinco vezes, o risco de se ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O cardiologista Thiago Rodrigues expõe o motivo. “Os coágulos que se formam durante a arritmia podem se desprender dos átrios, entrar na circulação sanguínea e chegar até o cérebro. Caso entupam alguma artéria, o AVC pode ocorrer”, declara.

Outro fator preocupante é que pessoas com outras doenças, como hipertensão e diabetes, correm mais riscos. “Esses pacientes, ao longo de um ano, podem chegar a 10% de chance de desenvolver o AVC. A atenção deve ser redobrada porque aqueles que são provocados pela FA são considerados os mais graves, com as maiores taxas de mortalidade, podendo proporcionar sequelas incapacitantes”, alerta.

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