Saúde

Cientistas estudam abuso de tecnologia e impacto no suicídio

Excesso de conexão tem reflexos na saúde mental do jovem

Por Da Redação
Publicado em 09 de agosto de 2018 | 03:00
 
 
Resultados servem de alerta e trazem reflexões sobre aumento de riscos Foto: Editoria de arte/O Tempo

Brasília. O crescimento das estatísticas de suicídio e autolesão nos últimos anos coincide com o aumento do uso de tecnologias digitais como smartphones, computadores e acesso à internet. Os indícios de possíveis prejuízos à saúde mental de crianças e jovens pela forte inclusão desses equipamentos ao cotidiano de meninos e meninas motivaram pesquisadores de várias partes do mundo a buscar uma relação direta entre os dois fenômenos. Os resultados trazem mais reflexões do que certezas. As informações são da Agência Brasil.

Grande parte das pesquisas identificou riscos no uso – principalmente quando ele é intenso – das tecnologias digitais. Um artigo da Universidade de San Diego (EUA), publicado neste ano, sinaliza que adolescentes mais expostos aos dispositivos eletrônicos (como computador, celular e videogame) manifestaram menores níveis de autoestima e de felicidade.

Outro estudo da Universidade de Oxford, publicado no ano passado, associa o tempo de navegação na internet e os comportamentos suicida e de autolesão. Artigo do pesquisador coreano Jong Kim, publicado no “Periódico de Medicina Preventiva e Saúde Pública”, em 2012, analisou as atitudes de estudantes de 7 a 12 anos de acordo com a intensidade do uso de internet. Os que ficam muito tempo conectados foram identificados como grupo de risco para conduta suicida.

Levantamento das universidades de San Diego e da Flórida, nos EUA, também relaciona um consumo intenso de dispositivos eletrônicos de adolescentes com depressão, pensamentos suicidas e suicídios. A relação causa-efeito, no entanto, ainda é uma incógnita.

Impactos positivos. Por outro lado, há diversos estudos que mostram efeitos positivos do uso de dispositivos eletrônicos no combate e na prevenção de condutas suicidas. Investigadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, criaram um sistema de monitoramento de sintomas de depressão e o aplicaram a pacientes. Os resultados, publicados em 2014, registraram que a ferramenta foi aprovada como alternativa para compreender melhor os sintomas e fazer com que os pacientes se sentissem com mais controle.

 

Brasília tem Samu para saúde mental

Brasília. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Brasília é pioneiro no país em disponibilizar uma viatura exclusiva para atender casos de saúde mental. 

A equipe da viatura especializada conta com médicos psiquiatras, um assistente social ou psicólogo e um enfermeiro. Seis em cada dez atendimentos de crise psíquica realizados pelo serviço são relativos a pacientes entre 14 e 39 anos. A maioria, por apresentar comportamento suicida.

Segundo Brenda Carla, enfermeira e gerente da Central de Informações Toxicológicas e Atendimento Psicossocial do Samu-DF, a viatura especializada atende uma média de 150 casos por dia – pelo menos uma ocorrência ocorre em ambiente escolar, para socorrer adolescentes em crise. “É uma realidade que precisa ser tratada e prevenida”, alerta Brenda.

O alto número de casos de saúde mental motivou o Samu-DF a disponibilizar um profissional especializado em comunicação terapêutica no atendimento telefônico na Central 192. Pacientes psiquiátricos demandam um tempo maior de atendimento do que a média dos pacientes em geral – de dois a três minutos.

Serviço

Onde buscar ajuda. Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita); Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) – 192; Centros de Atenção Psicossocial (Caps).