Cientistas usam impressora 3D para criar coração de silicone

Batidas, porém, só duram meia hora, mas indicam caminho para um aperfeiçoamento

Por Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2017 | 03:00
 
 
Futuro promissor. Próximo passo da pesquisa é fortalecer material e performance, para que seja viável um transplante para humanos Foto: Zurich Heart / DIVULGAÇÃO

Rio de Janeiro. Existem no mundo cerca de 26 milhões de pessoas com problemas cardíacos, mas o número de doadores não consegue suprir os transplantes necessários. Pensando nisso, cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, usaram a tecnologia de impressão 3D para criar um coração de silicone que funciona como o humano e que, no futuro, pode salvar a vida de pacientes.

“O nosso objetivo é desenvolver um coração artificial que tenha praticamente o mesmo tamanho do órgão do paciente e que imite o coração humano o mais próximo possível em forma e função”, disse Nicholas Cohrs, estudante de doutorado que desenvolveu o coração artificial.

Diferente dos corações artificiais existentes, o órgão desenvolvido por Cohrs é oco e macio, características possíveis pela aplicação da impressão 3D. Dessa forma, foi possível recriar os ventrículos esquerdo e direito, assim como um coração humano, mas eles não são separados pelo septo interatrial, mas por uma câmara adicional, capaz de bombear o sangue, substituindo a contração muscular.

“É um monobloco de silcone com estrutura interna complexa”, explicou Cohrs, sobre a réplica do órgão que pesa 390 gramas com volume de 679 centímetros cúbicos.

O coração foi descrito no periódico “Artificial Organs”. Os pesquisadores demonstraram ainda que o coração de silicone é funcional. Nos testes, o órgão artificial foi capaz de bombear um líquido similar ao sangue humano, mas o material suporta apenas 3.000 batidas, o que corresponde a apenas meia hora de funcionamento. Depois disso, o órgão não é mais capaz de manter a pressão.

“Este foi apenas um teste de viabilidade”, ponderou o pesquisador. “Nosso objetivo não era apresentar um coração pronto para ser implantado, mas pensar em uma nova direção para o desenvolvimento de corações artificiais.”

Agora, o próximo passo é fortalecer o material e a performance, para que ele dure por mais tempo. A ideia é que o coração de silicone seja usado como uma ponte, entre a falência do órgão do paciente e um transplante.

“O STAH gerou fisiologicamente sinais de fluxo de sangue e pressões imitando o movimento de um coração real. Os resultados preliminares desse estudo mostram um potencial promissor”, diz o artigo.
Um trabalho adicional, focado no aumento do fluxo de sangue, por sua vez, é necessário, afirmam os pesquisadores.

 

Problema mundial

O número de mortes por doenças cardiovasculares continua crescendo, atingindo uma parcela de cerca de 30% de todas as mortes em todo o mundo.

Complicações cardíacas matam cerca de 50 mil pessoas por ano apenas no Brasil. Especialmente nos países em desenvolvimento, o número de pacientes com insuficiência cardíaca está aumentando continuamente.

 

Aplicações médicas da impressão 3D já são realidade

Na medicina, a impressão 3D já é uma realidade e, dentre as utilizações médicas, a criação de próteses personalizadas é uma das aplicações mais comuns. Pele e cartilagem também já estão sendo desenvolvidas para transplantes em pacientes vítimas de queimaduras.

Nas universidades, modelos em 3D com tamanhos e texturas que simulam diferentes partes do corpo humano são usados em faculdades para complementar o material didático. Nos hospitais, médicos já usam a bioimpressão para planejamento cirúrgico. Nos Estados Unidos, mini-órgãos que imitam as funções do coração, pulmão e vasos sanguíneos estão sendo usados para testar vacinas.