Expectativa

Idosos estão vivendo mais, mas com doenças crônicas, mostra pesquisa brasileira

Segundo pesquisa da USP, caso fossem desenvolvidas políticas públicas preventivas voltadas para a população dessa faixa etária, situação poderia ser alterada

Seg, 27/05/13 - 11h32

A expectativa de vida da população brasileira cresceu nos últimos anos, mas os idosos estão vivendo com menor qualidade de vida, pois convivem por mais tempo com doenças crônicas típicas de sua faixa etária. Isso é o que apontou uma pesquisa conduzida pelo médico geriatra Alessandro Gonçalves Campolina, que faz parte de um estudo, chamado Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), que vem sendo desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Em 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida ao nascer no Brasil era 74 anos e 29 dias, o que representou um incremento de três anos, sete meses e 24 dias sobre o indicador de 2000.

A pesquisa buscou avaliar a ocorrência de um processo chamado de compressão da morbidade, ou seja, se o intervalo entre o aparecimento da doença e a morte estava diminuindo e se o aparecimento da doença estava sendo postergado para os últimos anos de vida. Segundo Campolina, no caso específico de São Paulo (o pesquisador acredita que esses números se assemelham aos do restante do país), está ocorrendo um fenômeno oposto: a expansão da morbidade o que, segundo ele, é um aspecto negativo, pois a população passa mais tempo doente. “Esse projeto é parte de um estudo maior, que é o Sabe, que vem acontecendo na faculdade desde 2000. Seguimos essa população de idosos, com mais de 60 anos, fazendo avaliações periódicas e incluindo novas populações de idosos para fazer comparação entre gerações”, explicou.

Segundo Campolina, a pesquisa avaliou o impacto das doenças crônicas que acometem essa faixa etária em termos de expectativa e de qualidade de vida. “Se as pessoas continuassem vivendo no estado em que elas estão agora, com as doenças crônicas, as enfermidades seriam mais frequentes e haveria mais comprometimento da qualidade de vida”, disse. Quando se fala de doenças crônicas relacionadas à população idosa, a pesquisa refere-se principalmente à hipertensão arterial, diabetes, às doenças cardíacas, à doença pulmonar crônica, às doenças mentais, como depressão e demências, às doenças articulares, como artrite e artrose, e às quedas.

Mas a pesquisa, de acordo com Campolina, também demonstrou que, caso fossem desenvolvidas políticas públicas preventivas voltadas para a população idosa, a situação poderia ser alterada. “O estudo fez a análise de outros cenários possíveis, ou seja, se essas doenças fossem prevenidas e mostrou que esse processo estaria sendo revertido. Aí a população ganharia mais anos de vida, e mais anos de vida saudáveis. Se houvesse estratégias que evitassem que as pessoas desenvolvessem a doença cardíaca, por exemplo, praticando atividades físicas e tendo uma nutrição adequada, você teria mais anos de expectativa de vida saudável. E se as pessoas já têm a doença instalada e mesmo assim fizessem esforço para tratamento adequado, também haveria um impacto positivo na expectativa de vida saudável”, comentou.

Agência Brasil

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