Espaço

Logo após ser lançado, satélite brasileiro despenca na Terra

Governo brasileiro investiu R$ 270 milhões em equipamento desenvolvido em parceria com a China

Ter, 10/12/13 - 02h00
Erro. Primeira suspeita é a de que o foguete chinês que fazia o lançamento do satélite tenha sofrido problemas, ocasionando a queda | Foto: Ilustração inpe/divulgação

SÃO PAULO. Chineses encontraram nesta terça-feira (10) uma das peças do foguete que tentava levar para o espaço um satélite feito em parceria com os brasileiros. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o motor de propulsão do veículo espacial foi desligado 11 segundos antes do previsto e impediu que ele atingisse a velocidade mínima para ser mantido em órbita.

O equipamento sino-brasileiro caiu na Terra depois de ter sido lançado do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, na China. “Às 11h26, hora de Pequim (1h26, hora de Brasília), desta segunda-feira (9/12), o satélite CBERS-3, desenvolvido conjuntamente por Brasil e China, foi lançado pelo veículo chinês Longa Marcha 4B, do Centro de Lançamentos de Satélites de Taiyuan, China. Porém, houve uma falha de funcionamento do veículo lançador durante o voo e, consequentemente, o satélite não foi posicionado na órbita prevista”, afirma a nota do Inpe, por meio de uma nota oficial em seu site.


O Brasil investiu R$ 270 milhões na construção do CBERS-3, que é uma peça fundamental (praticamente vital) do programa espacial brasileiro, que sofrerá um golpe fortíssimo caso o satélite seja perdido. A suspeita é que teria ocorrido uma falha no foguete que levou o satélite ao espaço, modelo Longa Marcha 4B (ou Chang Zheng 4B, na denominação chinesa).

A construção do satélite é uma parceria entre o Brasil e a China, na qual cada país é responsável por 50% do projeto; mas o lançamento é 100% de responsabilidade da China. O Inpe chegou a publicar uma nota em seu site durante a madrugada anunciando que o lançamento havia sido um sucesso.

DECEPÇÃO. Os técnicos brasileiros que acompanharam o lançamento remotamente, no Centro de Controle de Satélites do instituto em São José dos Campos (SP), comemoraram quando o painel solar do satélite foi aberto, acreditando que tudo havia corrido bem. Mais tarde, veio a informação de que o satélite não estava na órbita correta – como um carro que entrara na faixa errada de uma rodovia –, o que culminou na queda do satélite.

Uma comitiva brasileira, liderada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, e pelo diretor do Inpe, Leonel Perondi, acompanharam o lançamento ao vivo do centro de lançamento chinês.

O clima ontem foi de muita frustração na delegação brasileira. Raupp disse que o plano agora é antecipar para 2014 o lançamento do CBERS-4, previsto para 2015. Os equipamentos estão prontos, mas técnicos do Inpe acham improvável que a integração da parte chinesa com a brasileira seja concluída em menos de 14 meses.

Passado
Histórico.
O custo apenas do lançamento foi de US$ 15 milhões. O modelo do foguete chinês utilizado, o Longa Marcha 4B, já fez 34 lançamentos de satélites com 100% de sucesso.


Dilma já havia redigido nota parabenizando a operação
BRASÍLIA.
Antes do revés do lançamento, a presidente Dilma Rousseff já tinha deixado pronto um comunicado para parabenizar o sucesso da operação. Entretanto, logo após a queda do satélite, ela foi informada por telefone do fracasso do lançamento do foguete.

Se tivesse sido mesmo lançado, o CBERS-3 poderia ter um papel importante na gestão estratégia do espaço brasileiro. O satélite, por exemplo, teria câmeras que possibilitariam ao governo um controle maior, em tempo real, do desmatamento, problema que vem concentrando preocupações, sobretudo na região amazônica.

Uma outra câmera do dispositivo também poderia fazer mapeamento em terceira dimensão.

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