Pesquisa

Luz infravermelha detecta o zika vírus em Aedes

Equipe, que conta com brasileiros, desenvolve método mais rápido e barato para monitoramento

Por Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2018 | 03:00
 
 
Luz infravermelha detecta a presença de zika vírus no Aedes aegypti Foto: UNIVERSITY ONF QUENNSLAND/DIVULGAÇÃO

São Carlos. Em vez de testes genômicos caros e complicados, um método que usa luz infravermelha pode facilitar a detecção do zika vírus nos mosquitos Aedes aegypti. Testada em insetos criados em laboratório no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro, a tecnologia tornaria o rastreamento do vírus nos bichos um processo 18 vezes mais rápido do que é hoje.

Cientistas do Brasil, da Austrália e dos EUA assinam o estudo descrevendo a técnica na última edição da revista especializada “Science Advances”. A aplicação da espectroscopia de infravermelho próximo (Nirs, na sigla inglesa) obteve um grau de precisão entre 94% e 99% quando comparado às análises genéticas normalmente empregadas para verificar se os mosquitos carregam o causador da zika.

Coordenado pela queniana Maggy Sikulu-Lord, da Universidade de Queensland (Austrália), o trabalho também teve a participação de Lílha dos Santos, Márcio Galvão Pavan e Rafael Maciel de Freitas, do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC.

Segundo os pesquisadores, uma das variáveis mais complicadas de medir durante epidemias causadas por patógenos (causadores de doenças) transmitidos por insetos é qual a proporção dos bichos que realmente carrega os vilões microscópicos. Esse dado seria crucial para entender qual seria a quantidade mínima necessária de Aedes infectados para que muitos seres humanos fiquem doentes.

Na primeira vez em que o zika vírus foi identificado no Brasil, por exemplo, de 550 A. aegypti analisados, só 0,9% carregavam o patógeno. Das técnicas disponíveis até agora, a mais usada e confiável, conhecida como RT-qPCR, depende da obtenção do material genético do vírus em tecidos dos insetos e de sua leitura em laboratório, num procedimento que demanda produtos laboratoriais específicos e caros. Outros métodos, como a detecção de proteínas dos vírus, ainda não são específicos o suficiente para diferenciar o zika de seus primos, os causadores da dengue e da febre amarela.