Saúde

Teste avalia a forma de sentar e levantar e calcula a mortalidade

Pesquisa desenvolvida por brasileiros pontua falhas enquanto o paciente executa os movimentos

Ter, 22/10/13 - 02h00
Teste Sentar e Levantar (TSL) indica tempo de vida pontuando falhas enquanto alguém se movimenta | Foto: Editoria de Arte/O TEMPO

Não estranhe se na próxima consulta ao médico ele te pedir para sentar e levantar do chão. Essa curiosa avaliação pode prever a possibilidade de você estar vivo daqui a seis anos. O Teste Sentar e Levantar (TSL) foi desenvolvido pioneiramente no fim dos anos 90 pelos professores Cláudio Gil Araújo e Denise Sardinha para avaliar algumas variáveis, além da condição aeróbica dos pacientes. Após cerca de seis anos de pesquisas, os resultados são surpreendentes.

A equipe multidisciplinar formada por médicos, educadores físicos e fisioterapeutas desenvolveu o teste partindo da premissa de que, para realizar o movimento de sentar e levantar do chão, o indivíduo precisa explorar funções normalmente abaladas por doenças e sedentarismo.

O teste avalia o paciente em cada movimento com uma nota de um a cinco para sentar e para levantar, totalizando dez pontos. A cada apoio utilizado (mão, braço, joelho), a pessoa perde um ponto e, em caso de desequilíbrio, meio ponto. Aprenda a fazer o TSL clicando aqui.

Uma pessoa fisicamente apta geralmente reúne as cinco boas qualidades da aptidão física: condição aeróbica, força e potência muscular, flexibilidade, equilíbrio e composição corporal. Porém, quando normalmente se aplica o teste para correr em homens e mulheres, avalia-se apenas a condição aeróbica, explica o médico Cláudio Gil Araújo, professor da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.


“Dessa forma, vimos que era necessário ter um instrumento para avaliar as outras variáveis e que pudesse ser aplicado de forma simples, rápida, cientificamente confiável e que não tivesse custos de equipamento”, afirma.

Resultados. De 1997 até 2011, uma equipe colheu os dados do teste executado em mais de 6.000 pessoas. Dessas, 2.000 foram selecionadas por ter entre 51 e 80 anos, não apresentar problemas articulares que impedisse de realizar o teste, e que o TSL tivesse sido aplicado em condições adequadas. Os indivíduos foram acompanhados, em média, por seis anos e, ao fim, se verificou que quem tem melhor aptidão física conseguia uma sobrevida melhor.

As pessoas que marcaram menos de oito pontos tinham duas vezes mais probabilidade de morrer dentro dos próximos seis anos, ao passo que aqueles que marcaram três ou menos pontos tiveram essa chance multiplicada por cinco. No geral, cada aumento na pontuação do TSL foi associada a uma redução de 21% na mortalidade.

“Desse grupo (2.000), 159 vieram a morrer, o que significa uma taxa de cerca de 8%. Dos que conseguiram resultados entre oito e dez, só 3,6% morreram, enquanto que os que tiveram entre zero e três pontos, 19,2% morreram. Só dois indivíduos com nota dez morreram. O teste é uma boa apólice de seguro”, afirma Araújo.

Após sofrer um infarto, Raimundo Damião, 62, procurou o médico autor do teste para realizar um programa de reabilitação cardíaca. “Há dois anos, quando fiz o teste pela primeira vez, tive muita dificuldade e quase caí. Hoje em dia está relativamente fácil. O teste é importante porque melhora a percepção de espaço, a força física e dá a você mais segurança para andar na rua”, conta o paciente. 

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