Ética divide opiniões

Transplante de cabeça pode se tornar real em dois anos

Após a cirurgia, paciente passaria semanas em coma seria capaz de mover os músculos do rosto e falar com a mesma voz que tinha antes

Por Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2015 | 16:01
 
 
Cérebro visto como uma grade curvada Foto: MCH-UCLA HUMAN CONNECTOME PROJECT

O que parecia ser impossível, pode estar perto de se tronar real. Uma reportagem publicada nesta semana pela revista NewScientist diz que o primeiro transplante de cabeça da história pode ocorrer em dois anos.

Segundo a BBC, uma equipe liderada pelo cirurgião italiano Sergio Canavero, do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim, estudam essa viabilidade e devem apresentar a proposta durante uma conferência médica nos Estados Unidos, ainda neste ano.

O procedimento já vem causando polêmica, mesmo antes de ser apresentado, já que traz á tona um debate sobre a ética médica. Ele consistiria na implantação da cabeça de um paciente de doença grave no corpo de um doador que tenha tido morte cerebral.

Canavero defende o procedimento e disse em entrevista à NewScientist que caso regulamentado que a cirurgia poderia prolongar a vida de pessoas que sofrem de degeneração dos músculos e nervos ou que tenham câncer.

O cirurgião diz que prevê ainda que sua equipe enfrenta dificuldades para conseguir autorização para desenvolver a técnica nos Estados Unidos.

"Se a sociedade não quiser isso, eu não vou fazer. Mas se as pessoas não quiserem nos Estados Unidos ou na Europa, não significa que não será feito em outro lugar. Estou tentando fazer da forma correta. Antes de você ir à lua, tem que ter certeza que as pessoas o seguirão", disse Canavero à NewScience.

Sobre a técnica - Canavero publicou neste mês de março uma lista do que seria preciso para que a cirurgia se tornasse possível. Ele conta que seria necessário resfriar a cabeça do receptor e o corpo do doador para evitar que as células morram sem oxigênio, cortar os tecidos do pescoço e conectar as veias e artérias maiores a tubos finos e seccionar os nervos da espinha.

Para o médico, o mais complicado seria conectar os nervos da espinha do corpo aos nervos da cabeça. Assim, seria necessário usar uma substância química com polietileno para fazer as conexões e eletrodos para estimular as novas conexões nervosas.

Logo após a cirurgia, o paciente passaria semanas em coma e inicialmente seria capaz de mover os músculos do rosto e falar com a mesma voz que tinha antes. Porém, seria necessário pelo menos um ano de fisioterapia para que pudesse andar.

A revista NewScientist ouviu diversos especialistas na área que se disseram céticos em relação à viabilidade da técnica. Alguns ressaltaram pontos técnicos difíceis de resolver, tais como a dificuldade de fazer o paciente passar pelo coma de forma saudável.

Outro ponto levantado foi a ética, como a possibilidade de que, se der certo, a cirurgia seja usada para fins cosméticos. Outros disseram que o procedimento pode até se tornar realidade, mas não em um prazo tão curto.