O polo de tecnologia e eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, que reúne cerca de 160 empresas que geram em torno de R$ 3 bilhões em faturamento por ano, fez surgir uma nova comunidade, agora de 50 startups, que integram o ambiente de inovação que caracteriza a cidade de 40 mil habitantes no Sul do Estado. “Temos um histórico de empreendedorismo na cidade. Fomos um dos primeiros centros de ensino a criar uma incubadora de empresas que já era oficial nos anos 90. Hoje, 50 empresas que foram graduadas na nossa incubadora ainda funcionam na cidade e faturam R$ 250 milhões por ano”, conta o coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Rogério Abranches.
A relação entre empresas já consolidadas e as startups gera parcerias o tempo todo. A Inova GS, que surgiu no final de 2014, fechou um contrato de R$ 100 mil com a Exsto Tecnologia. “É interessante, porque a Exsto era uma startup, como nós, há dez anos”, afirma Rodrigo Alves, sócio da Inova GS.
A empresa tem dois produtos no mercado. O empresariuslab.com e o estagioonline.com. O primeiro é um jogo de empresas utilizado em faculdades de administração e cursos de pós-graduação. Já o segundo é uma plataforma com cerca de 500 mil usuários que anuncia vagas de estágios. “Em certas áreas, como computação e design, oferecemos vagas para estagiários remotos, que é um conceito novo”, explica Rodrigo Alves.
Em janeiro deste ano, as startups da cidade criaram o Startup Hub, uma comunidade que visa atrair investidores para a região. “O grupo tem conseguido chamar a atenção de investidores para o ambiente da cidade”, conta Rodrigo. “Este ainda é o desafio das startups, chamar a atenção dos investidores”, afirma Carlos Henrique Vilela, diretor de marketing da Leucotron e organizador do Hack Town, festival com palestras sobre inovação, criatividade e tecnologia. A primeira edição do evento, em 2016, reuniu 1.500 pessoas em 200 palestras que aconteceram em vários pontos da cidade. A próxima edição será em setembro deste ano.
“Muita ideias inovadoras são geradas aqui, mas são projetos informais. Com a comunidade mais organizada, eles podem se profissionalizar”, avalia Rodrigo. Carlos Henrique cita a relação entre as startups que estão se organizando e as empresas já consolidadas. “Ajudamos na parte de gestão, do comercial, mas também no desenvolvimento de tecnologias”, afirma.
As startups de Santa Rita do Sapucaí não atendem apenas o mercado local. É o caso da startup Das Coisas, que surgiu em abril de 2016 e já conta com 16 funcionários, além dos sete sócios. Mesmo atendendo empresas da própria cidade, a Das Coisas tem contrato com grandes companhias, como a Ericsson, em soluções de conectividade para internet das coisas. A empresa ainda oferece uma plataforma na nuvem para seus clientes. “Hoje não contamos com dinheiro de investidores-anjo, somos mantidos pelos nossos próprios clientes”, conta Victor Fernandes, sócio da startup.
A Das Coisas faz parte da incubadora do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em que há mais seis empresas. Inicialmente, a Das Coisas passou pela pré-aceleradora do Inatel, que reúne, por dez meses, cerca de 20 startups e tem parceria com a Telefónica e a Ericsson. “Fomos o primeiro crowdworking da Telefónica no Brasil”, conta o coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação do Inatel, Rogério Abranches. A parceria entre Inatel, Telefónica e Ericsson foi assinada em fevereiro de 2016 e oferece às startups aceleradas estrutura de trabalho e mentorias.
Dentro. Entre as cem startups selecionadas pelo Fiemg Lab, três são de Santa Rita: a Skyll, que monitora atletas, a Easy Fix, que atua na gestão hospitalar, e a plataforma educacional Dágora.
O Inatel vai inaugurar no segundo semestre deste ano o seu FabLab, um laboratório para desenvolvimento de protótipos para startups com tecnologia digital. O conceito do FabLab surgiu no Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 2001.
“Já temos impressoras 3D para alunos e startups instaladas no Inatel. Agora vamos investir em outros equipamentos para possibilitar a produção de protótipos. A ideia é seguir o padrão norte-americano”, afirma o coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação do Inatel, Rogério Abranches. O laboratório estará aberto para a comunidade da cidade.
Além da incubadora e da pré-aceleração, o Inatel mantém o Laboratório de Ideação, voltado para empreendedores que têm uma ideia, mas ainda não conseguiram formatar seu projeto em uma startup.