Saúde

Um terço das pessoas acredita que câncer é causado por traumas

Mesmo em contato direto com a doença, população não sabe quais as suas causas

Sex, 19/04/19 - 21h15
Pesquisa mostra o que os brasileiros sabem e pensam sobre as causas de câncer | Foto: NLVL/Divulgação
Oito em cada dez brasileiros têm contato com ao menos uma pessoa com câncer. Seis em cada dez têm parentes que receberam o diagnóstico, e ao menos 2% têm ou tiveram a doença. Apesar dessa proximidade, o câncer ainda é alvo de estigma e desconhecimento no país, apontam dados de pesquisa inédita encomendada pelo Instituto Oncoguia, que atua em apoio a pacientes. 
 
Mitos ainda vigoram: 32% dos brasileiros dizem acreditar que o câncer é causado por traumas psicológicos e, embora a relação entre cigarro e câncer pareça óbvia, 8% dos entrevistados dizem desconhecer a ligação; ainda, 62% afirmam não ver relação entre obesidade e câncer. 
 
Para a presidente do Oncoguia, Luciana Holtz, os dados são preocupantes e evidenciam a necessidade de ampliar a informação sobre a doença. “É muito comum ouvirmos: ‘Eu fiz o meu câncer’. As pessoas relacionam o câncer a uma fase depressiva, ou a uma demora para tomar decisões na vida. Esse é um mito que temos que esclarecer”, diz. 
 
O oposto vale para a associação entre alguns tumores e obesidade, já comprovada. O excesso de peso corporal está associado ao risco de desenvolver ao menos 13 tipos de câncer, segundo documento recente do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Entre eles estão câncer de esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino e rins. 
 
Para o oncologista clínico Gélcio Mendes, coordenador de assistência do Inca, a dificuldade em ver a obesidade como fator de risco tem a ver com o imaginário das pessoas em relação ao câncer. 
 
“A gente imagina que uma pessoa bem-nutrida vai estar protegida contra o desenvolvimento de doenças. Quando falamos em obesidade, não falamos em alguém bem nutrido, mas em alguém mal nutrido para o lado do excesso”, diz. 
 
Metodologia 
 
A pesquisa que verificou a proximidade com o câncer e a falta de informação sobre os fatores de risco ouviu 2.002 pessoas de 16 anos ou mais, em amostra representativa da população. 
 
O levantamento foi conduzido pelo Ibope. O objetivo era entender o nível de conhecimento e percepção da população sobre o tema. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 
É preciso ver como essa percepção negativa impacta o diagnóstico e o tratamento.
 
Há pessoas que dizem que não fazem exames porque “quem procura acha”. Com isso, muitas pessoas se afastam da rede de saúde, diz Holtz.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.