Bombardeio

Mães são reféns de publicidade infantil que ‘seduz’ seus filhos

Grupos de pais se unem para pedir regulação da propaganda em lei

Dom, 25/08/13 - 03h00
Mamãe, eu quero. Mariana Lansky vive dilema entre agradar filhos Júlio Victor, 5, e Laís, 3, e protegê-los da influência de comerciais | Foto: DENILTON DIAS / O TEMPO

Quando os pequenos Júlio Victor, 5, e Laís, 3, vão a uma loja de brinquedos, a preferência é sempre pelo que aparece na propaganda da televisão. No lanche, a escolha é pelos que oferecem brinquedos como brinde. A mãe, Mariana Lansky, vive o dilema comum a quase todos os pais: encontrar o equilíbrio entre agradar os filhos e limitar a influência da propaganda na vida dos pequenos.

“A gente não sabe o que fazer. É um bombardeio de anúncios”, afirma. Foi essa mesma dificuldade, vivida há cerca de três anos, quando o filho Ernesto, hoje com 5 anos, começou a assistir televisão, que levou Vanessa Anacleto a se juntar a outros mães e pais e criar o grupo “Movimento Infância Livre de Consumismo”, que na semana passada atingiu 50 mil seguidores no Facebook. O objetivo é exigir que as empresas melhorarem a qualidade das propagandas dirigidas a crianças e adolescentes e, principalmente, pressionar o Congresso Nacional para que regulamente o tema. “Tem que haver uma lei que diz o que pode e o que não pode”, explica.

Vanessa conta que quando o filho assiste a DVDs em vez de programas de televisão, a lista de pedidos diminui porque ele fica longe das propagandas.

A lei que o grupo de pais espera é o projeto 5.921, que tramita há 12 anos no Congresso Nacional e que vai regular a propaganda direcionada diretamente para a criança. A diretora de Defesa e Futuro do Instituto Alana, organização que discute a publicidade para crianças, Isabela Henriques, explica que a ideia é que os anúncios não usem linguagem infantil, como desenhos animados, e não sejam veiculados em canais infantis ou em intervalos de programas voltados para crianças. “Eles teriam que encontrar um outro meio de financiamento”, afirma.

Ela explica que a limitação das propagandas não significa colocar a criança “numa bolha” porque as mensagens publicitárias continuarão disponíveis nas ruas, nas lojas e mesmo na televisão, mas de maneira mais criteriosa. “Ela vai receber a publicidade quando vir mensagens publicitárias, mas quando estiver junto com os pais”, diz.

Abusiva. O Alana entende que toda propaganda direcionada a crianças é abusiva porque elas não têm capacidade para entender os anúncios. “Até os 12 anos, elas não têm condições de receber uma mensagem publicitária e responder a ela. Até os 8 anos, a criança nem sequer consegue entender que aquilo é uma propaganda”, diz.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.