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HELENICE LAGUARDIA escreve em Economia às segundas. helenice@otempo.com.br

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Fiat Chrysler lançará dois novos SUVs em Betim em 2021

Publicado em: Qui, 22/08/19 - 03h00
Presidente da Fiat Chrysler Automóveis para a America Latina, Antonio Filosa | Foto: Mariela Guimarães

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No Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG) a produção prevista para este ano é de 360 mil unidades. Como voltar a ocupar a capacidade instalada de 800 mil veículos? É um grande desafio? Estamos vivendo um momento muito importante para todas as nossas presenças industriais no Brasil, que é o forte investimento. Temos um programa de investimento muito ousado em Minas Gerais, Pernambuco (Polo Automotivo Jeep, em Goiana) e também na Argentina. É um programa que vai entregar, até 2024, R$ 16 bilhões, e já começamos desde o ano passado esse investimento. E eu acho que, na visão futura que temos nas nossas marcas, Fiat e Jeep, temos o portfólio de produtos necessários para agregar ainda mais produção do que estamos fazendo. Uma fábrica de 360 mil carros por ano é uma fábrica muito grande, já foi bem maior, mas crescemos nos últimos dois anos. Não obstante algumas contingências negativas – como a Argentina ou como outros países da América Latina, cujas economias estão passando por um momento de volatilidade –, achamos que o próximo passo com um motor de crescimento forte será com os novos produtos (a serem montados no Brasil), seja para Betim, seja para Pernambuco.


A Fiat Chrysler está com um investimento de R$ 8,5 bilhões para a unidade de Betim, e não há registros de um investimento tão alto da iniciativa privada no Estado. Isso reflete a confiança do grupo em nossa economia. Qual é a expectativa futura de mercado? A primeira estratégia é compor um line-up (gama de produtos e serviços) que seja alinhado à demanda presente e futura do cliente brasileiro. Cada vez mais, ele está indicando como preferência os SUVs (veículo utilitário-esportivo), e sabemos que ainda não estamos cobrindo o segmento dos SUVs com a marca Fiat. Vamos com força ocupar essa parte do mercado. Iremos lançar dois SUVs da marca Fiat em 2021. A segunda coisa é o marco regulatório brasileiro, o Rota 2030. Corretamente, ele está desafiando a indústria automobilística a padrões de eficiência energética cada vez mais alinhados com os países mais desenvolvidos do mundo. Para fazer isso, algumas opções tecnológicas devem ser percorridas, entre elas motores de alta eficiência e motores que combinem isso ao desejo do público, que são motores turbo. Então, vamos lançar motores turbo junto com a fábrica nova de motores (em Betim). Em 2021, teremos três novos motores turbo produzidos aqui e teremos dois SUVs novos produzidos em Betim. A partir de 2020, vamos lançar uma ação de produto que estamos terminando industrialmente e teremos uma renovação completa da gama que temos hoje. Entre tecnologias que são os motores, transmissões (vamos introduzir transmissão automática também), motores novos e outros produtos, entendemos que a estratégia atrás do plano de investimento será certeira. Sobre a economia, Minas Gerais está passando por um momento difícil, mas tanto o Estado quanto o país têm programas muito interessantes de recuperação econômica. Na análise que temos das premissas, concordamos no desenho de país e no desenho de Estado com o que está sendo posto. É claro que precisa implementar. Entendemos que tudo que está sendo discutido é muito saudável para a indústria e para as economias brasileira e estadual. Vai dar frutos. Sempre apostamos neste país. Nosso chairman e acionista principal, John Elkann, tem um carinho especial pelo Brasil, porque ele morou aqui na adolescência e observa com muita atenção a evolução da situação econômica brasileira.



Já dá para adiantar alguma coisa sobre os novos SUVs que serão produzidos em Betim? Quai serão os diferenciais? São maravilhosos. Estamos apaixonados por eles. Falando de Jeep, temos um termo chamado “Jeepness”, que é o diferencial de ser Jeep. Então vamos fazer um SUV, o “Fiatness”, com o diferencial de ser Fiat. É o design italiano, que é o primeiro componente, e estamos trabalhando muito com o Centro de Estilo de Turim. Inauguramos também o Design Center em Betim. 

O Design Center em Betim já vira referência com know-how de 17 anos? É um dos quatro designs centers que temos no mundo FCA, e ele dará aos nossos SUVs a elegância do design italiano, combinada com as expectativas do consumidor brasileiro. 

O projeto do SUV vai ser todo desenvolvido em Betim? Sim, como projeto e como desenvolvimento. O nível de nacionalização que temos em Betim é superior a 95%. Assim como todo o player da indústria, os fornecedores são globais, mas as fábricas estão no Brasil. As zonas de engenharia principais para o desenvolvimento das tecnologias dos carros saem de Betim. Com muita colaboração de Detroit, Turim e Xangai. Isso é normal.

Quando o carro vai ter um preço melhor no Brasil, sendo que a carga tributária é de 51% num veículo? Tem alguma perspectiva de o preço ser um pouco mais democrático? A FCA tem duas marcas principais dentro dela: Fiat e Jeep. A Fiat apresenta muitos valores, dentre ele, a possibilidade de apresentar uma oferta democrática para o brasileiro. Agora, para onde a competitividade pode ser ainda mais realizada? Primeiro, nosso dever de casa: nós, como indústria, temos que gerar mais escalas, desenvolver inovação que seja tecnológica, orientadas ao cliente e orientadas ao custo. Isso faz parte de nosso dever de engenharia e de negócio. Depois, tem o contorno do sistema Brasil, que pode ser melhorado almejando competitividade. Estamos falando de infraestrutura logística, de carga tributária.

É o custo Brasil? É o custo Brasil. O Brasil tem inúmeras virtudes; uma delas, talvez a principal, é o povo brasileiro. Temos 26 mil mulheres e homens que nos privilegiam de ser colegas na FCA na América Latina e, desses, 22 mil são brasileiros. Enxergamos que o valor profissional humano desses colegas brasileiros é altíssimo. Temos índices de absenteísmo (falta ao trabalho) entre os menores do mundo. Temos indicadores altíssimos de realização de projetos. Temos colegas (seja mão de obra industrial, engenheiros e administrativo) com altíssima dedicação e elevado nível de criatividade. Os sistemas fiscal/tributário e logístico são duas oportunidades de melhoria que poderiam alavancar ainda mais a competitividade. Tudo deve ser acompanhado para um progressivo ganho de competitividade que, no final, vira melhores condições de compra pelo cliente.

 

 

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