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HELENICE LAGUARDIA escreve em Economia às segundas. helenice@otempo.com.br

Bons negócios

Montesanto Tavares já atua na Europa

Publicado em: Qui, 26/05/16 - 03h00
Novidade. Presidente Ricardo Tavares lançou no mercado embalagem especial para exportação | Foto: João Godinho

Mostrar para a Europa que o café especial brasileiro tem excelente qualidade. Esse é agora o grande desafio do grupo mineiro Montesanto Tavares, que atua nos mercados nacional e internacional há 12 anos, com produção, armazenamento, transporte, exportação e importação do grão. A trading Ally Coffee – que faz parte do grupo juntamente com outras cinco empresas e cinco fazendas produtoras de café – iniciou, no último mês de janeiro, as operações no mercado europeu com a abertura de um escritório na Suíça. “Isso vai abrir mercado para produtores de cafés especiais interessados em exportar”, esclarece o presidente do Grupo Montesanto Tavares, Ricardo Tavares.

O grupo mineiro já atua como importador e distribuidor de café no mercado norte-americano e, agora, expande sua atuação. Nos Estados Unidos, já há um escritório principal de vendas em Plantation, na Flórida, e filiais em Los Angeles, na Califórnia, e em Greenville, na Carolina do Sul. “Queremos desenvolver novos fornecedores, estimulando novos produtores de cafés especiais. Nosso foco é justamente divulgar os cafés do Brasil”, acrescenta o presidente do Montesanto Tavares.

A previsão de faturamento do grupo para este ano é R$ 2,1 bilhões – montante 20% maior frente a 2015.

A qualidade. Os chamados “cafés especiais” têm ganhado força no mercado. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e em busca de produtos diferenciados. Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o segmento representa atualmente cerca de 12% do mercado internacional da bebida.

Para ser considerado especial, numa escala de 0 a 100 pontos, o grão deve ter nota acima de 80. O produto tem que seguir critérios rigorosos de origem, variedade, cor e tamanho, e normas ambientais. Para Ricardo Tavares, também grande produtor do grão, os principais segredos de um café especial são a colheita e a secagem. “Não é preciso um grande investimento”, pondera o presidente do grupo.

O preço de uma saca de 60 kg de um café especial pode variar entre R$ 600 e R$ 1.000. O preço médio da saca desse tipo de café chega a ser 100% maior do que o de um normal. “Mas isso não quer dizer que não tenhamos também saca de café especial que custe muito mais do que isso”, esclarece Tavares.

Pioneirismo. Outra novidade é que o grupo passa a ser o primeiro do mundo a utilizar a QualiPak, embalagem para exportação capaz de preservar sabor, aroma, frescor, cor e qualidade dos grãos. Desenvolvida pela Videplast, empresa brasileira de embalagens plásticas flexíveis, em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a embalagem requereu cerca de dois anos e meio de estudos de, pelo menos, 20 especialistas entre doutores e engenheiros.

A QualiPak vai preservar a qualidade do café brasileiro até chegar à mesa do consumidor, em qualquer parte do mundo.

Fazendas produzem grãos especiais em Minas e na Bahia

Imagine 3.200 Mineirões repletos de pés de café! Pois o Grupo Montesanto Tavares – único grupo brasileiro completo em toda a cadeia do café – tem hoje 3.200 hectares plantados de café (um campo de futebol corresponde a 1 hec), distribuídos entre cinco fazendas nas cidades de Angelândia, Capelinha, Pirapora e Ninheira – todas no Norte de Minas –, além do município baiano de Luis Eduardo Magalhães.

Apaixonado pelo produto, Ricardo Tavares, além de grande produtor, é comprador de cafés brasileiros especiais para exportação e importador dos melhores grãos.

A grande “coqueluche” hoje, como aponta, é o café sombreado com mogno africano da espécie Khaya ivorensis. Ele vem sendo produzido em quatro fazendas do grupo. “Todo esse café é direcionado para exportação”, diz o presidente.

O café sombreado é ainda pouco difundido no Brasil e consiste na plantação de árvores que ofereçam, pelo menos, 25% de sombra aos pés de café. Em 2015, Tavares colheu a segunda safra do tipo. Os frutos amadurecem de maneira mais uniforme e simultânea e isso garante um produto de melhor qualidade. Ele conta que muitos dos melhores cafés que produziu, acima de 84 pontos, são das lavouras “sombreadas”.

FOTO: Marcelo André / Divulgação
Fazenda Primavera fica em Angelândia, no Norte de Minas

 

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