Pedido de desculpas

Em viagem aos Estados Unidos, Romeu Zema mandou uma mensagem por vídeo que gerou minguadas palmas da plateia do Congresso Mineiro de Municípios em Belo Horizonte. Já o governador em exercício Paulo Brant foi a celebridade do evento da Associação Mineira de Municípios (AMM). Aplaudido por diversas vezes e assediado para fotos sem fim, Brant pediu desculpas aos prefeitos pelo que o governo mineiro fez em relação ao confisco dos repasses constitucionais às prefeituras. “Um processo inadimissível de apropriação indébita de recursos”, reconheceu Brant. 

Acordo manco

O acordo com os municípios – de parcelar R$ 7,2 bilhões em 33 vezes a partir de janeiro de 2020 – não foi o ideal, mas foi o possível, de acordo com Paulo Brant. Só que o tempo pode fechar de novo entre os dois poderes. Nas contas do presidente da AMM, Julvan Lacerda, faltam R$ 6 bilhões. “O confisco no repasse de ICMS e IPVA deixou de acontecer de março pra cá. O que está ficando pra trás são as parcerias da saúde e assistência social, além de convênios e contratos”, afirma Lacerda. Se a renegociação sai neste ano, Brant pondera: “pode ser que sim, pode ser que não”. 

Perseguição

Reeleito para mais um mandato na Associação Mineira de Municípios, Julvan Lacerda disse que foi perseguido pelo governo passado que, segundo ele, dilacerou o Estado. Ele espera que o governo Zema tenha outro comportamento. Com 703 prefeituras filiadas, Lacerda defende a unificação das eleições e mandato de cinco anos de vereador a presidente da República. “Cada eleição movimenta mais de R$ 10 bilhões", criticou. Para ele, se os governos federal e estadual não tiverem compromisso com os municípios será um colapso geral. 

No chão

Paulo Brant disse que a única forma de criar emprego para os 4,5 milhões de pessoas – desempregadas, subempregadas e desalentadas, quase um quarto da população adulta de Minas Gerais – é transformar o Estado no melhor ambiente para se empreender. Também é preciso internacionalizar Minas. “O mundo está repleto de dinheiro sedento por investimento, temos a quarta revolução industrial e temos que fazer juntos. As soluções têm que ser buscadas com diálogo. Podemos desagradar, mas não vamos enganar ninguém. Estamos no chão, temos que levantar Minas porque o Brasil precisa de Minas”, discursou. 

Durante o 36º Congresso Mineiro de Municípios, evento realizado pela Associação Mineira de Municípios (AMM), que aconteceu no estádio Mineirão, o secretário de Cultura, Marcelo Matte; vice-governador de Minas Gerais. Paulo Brant; presidente da Associação Mineira de Municípios, prefeito Julvan Lacerda; e vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac.

Buraco negro

O deputado estadual Braulio Braz (PTB) acredita que o governador Romeu Zema vai encontrar a saída necessária contando com o apoio do governo federal para ajudar no saneamento das dívidas de Minas Gerais. “A Assembleia Legislativa vai trabalhar para que o governo de Minas, ajudado pelo governo federal, consiga sair desse buraco negro”, afirmou. Há 12,5 anos no Legislativo mineiro, Braz avalia que se o poder público voltar a investir a sociedade civil organizada vai atrás e investe também.

Privatizações

Há quatro anos, Braulio Braz informou que o déficit orçamentário de Minas era de R$ 3 bilhões com um orçamento de mais de R$ 80 bilhões. Com economia, o deputado e proprietário do Grupo Líder acredita que o Estado teria conseguido acertar as finanças. “Agora precisamos do apoio do governo federal e Minas terá que fazer a sua parte privatizando muitas empresas. Não estou falando de Cemig, Copasa, Codemig, não é isso. Estou falando privatizar tudo o que for possível”, observou.

No estádio Mineirão, em Belo Horizonte, no primeiro dia do Congresso Mineiro de Municípios, os deputados estaduais  Arlen Santiago, Braulio Braz e Dalmo Ribeiro; e o primeiro secretário da Associação Mineira de Municípios e prefeito de Andradas, Rodrigo Lopes.

Conseleite

Em 2018, os mais de 300 mil produtores de leite de Minas Gerais produziram 9 bilhões de litros, gerando um valor de R$ 11,8 bilhões e 1 milhão de empregos diretos. Líder na produção nacional de leite, o setor passou a ter uma plataforma online para o cálculo personalizado do preço do produto. O primeiro valor referência para o leite na história de Minas Gerais foi anunciado na última semana. O cálculo era uma reivindicação antiga do setor, e se tornou possível com a criação, em dezembro, do Conseleite - Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios.

 

No lançamento do Conseleite, Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg; Roberto Simões, presidente do Sistema Faemg; e João Lúcio Barreto Carneiro, presidente do Silemg.

Realidade individual

O litro do leite padrão entregue pelos produtores em abril (a ser pago em maio) foi calculado em R$ 1,2774 e a projeção para entregas feitas em maio (a serem pagas em junho) é de R$ 1,3061. O valor referência servirá de parâmetro para as negociações de preços entre produtores e indústrias e será atualizado mensalmente. A plataforma digital do Conseleite também gera valores personalizados a cada produtor, a partir de uma escala de ágios e deságios por parâmetros de qualidade e pelo volume de produção diário individual.

 

Momento histórico

Para o presidente do Sistema Faemg, Roberto Simões, é um momento histórico para o leite, pois o valor referência trará uma relação mais harmônica à cadeia, com transparência nos dados de custos de produção dos pecuaristas e custos de transformação da indústria. “O ganho é ter um preço justo para o leite”, avalia o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato. Para o vice-presidente do Silemg, José Antônio Bernardes, a indústria vê a iniciativa com bons olhos. “É preciso que os produtores compreendam que não é um preço absoluto a ser pago, mas é uma base que está bem dentro da compatibilidade dos preços praticados hoje no Estado”, observa. 

 

Nem fácil, nem rápido

Como senador, Rodrigo Pacheco disse que está trabalhando muito para ajudar a resolver os problemas de Minas como o déficit fiscal buscando o aprimoramento legislativo no Brasil, a segurança jurídica que permita a quem quer empreender tendo um ambiente propício para o desenvolvimento. “Desoneração tributária, facilitação nas relações de trabalho, desburocratização, enfim essa é a ideia de um novo Brasil que precisa corrigir as distorções da Previdência, as distorções do pacto federativo injusto com os municípios, que precisa ter um sistema tributário mais equilibrado”, discorreu. Para Pacheco, Minas vai sair do buraco, não vai ser fácil, não vai ser rápido, e é preciso ter paciência com Jair Bolsonaro e Romeu Zema.