Quebradeira

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, está muito preocupado com os rumos da reforma da Previdência. É que se ela deixar Estados e municípios de fora, não vai resolver um problema crônico já que os Estados têm passivos até mais comprometedores da sua receita que o governo federal. “Se continuar nessa toada vai ser muito negativo para Estados e municípios que entrarão em default num curto espaço de tempo”, apontou Roscoe, referindo-se a uma possível insolvência financeira dos poderes públicos.

Batalha campal

Se cada Estado tiver que fazer sua própria reforma da Previdência, como parece estar caminhando o texto em Brasília, Flávio Roscoe prevê uma batalha campal. “A pressão é muito maior principalmente dos servidores públicos que são mais organizados e têm maiores benefícios. Não votar na Câmara é muito negativo”, disse. Mesmo assim, o dirigente da Fiemg acredita que mesmo com uma aprovação parcial da reforma, a economia já vai dar sinais de melhora.

Escoriações na indústria

Em relação à indústria mineira, Flávio Roscoe disse que o pior momento está passando e a reforma da Previdência vai sinalizar uma virada na trajetória econômica. “Estamos otimistas e certos de que as mudanças positivas começam a surtir efeito no segundo semestre”, afirmou. Para a mineração, Roscoe prevê resultado negativo neste ano. “Não tem como reverter esse quadro mas esperamos que ao longo dos próximos três anos o cenário atual seja revertido”, disse Roscoe.

Na décima edição do Conexão Empresarial, evento da VB Comunicação, que aconteceu no Minas Náutico, em Nova Lima, Flávio Roscoe; Carlos Mário Velloso, presidente do STF, Dias Toffoli; Sergio Leite; Modesto Araujo; e Paulo Cesar Oliveira

Vidraça ou estilingue

De estilingue a vidraça, o secretário de Desestatização do ministério da Economia, Salim Mattar, mudou bastante. Antes, como empresário, o fundador da Localiza apresentava-se sempre com discursos em tom bélico contra números negativos da economia e desmandos do país. Agora, num cargo forte do governo, Mattar não deixa de falar dos péssimos gráficos públicos do país, mas o tom do discurso é outro com a voz sem inflexões de raiva exacerbada. Quem assistiu à palestra de Mattar no Conexão Empresarial percebeu um volume de decibéis bem mais baixo na oratória do agora secretário.

Estado burocrático

Salim Mattar recusou-se a se submeter a perguntas de jornalistas, mas fez um discurso repleto de perguntas à plateia do Conexão Empresarial. Numa delas ele perguntou: “que país recebemos?”. E respondeu que o governo Bolsonaro recebeu um país cuja carga tributária é elevadíssima, de 35% do PIB, e se acrescentar o déficit, vai a 42% do PIB. “Somos os campeões e gastamos o maior número de horas para pagar imposto. É um absurdo o Estado burocrático”, disse. Tomara que Mattar consiga mudar ao menos um pouquinho essa realidade nefasta.

Secretário de Desestatização, Salim Mattar, disse durante o Conexão Empresarial que o Brasil tem 42 milhões de desempregados e somente 13 milhões de pessoas estão procurando emprego

Fake news

O novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), desembargador Rogério Medeiros, diz que não tem como combater, como evitar e não há que censurar as fake news. O que tem é que ensinar as pessoas a conviver com esse fenômeno orientando-as a consultar as fontes corretas e confiáveis: “em primeiro lugar, o site da Justiça Eleitoral e a imprensa séria como é a rádio Super 91,7 FM, como é o jornal O TEMPO e outras empresas”. Além de percorrer o Estado fazendo seminários, Medeiros fará ainda uma campanha de divulgação para orientar eleitores que somente compartilhem notícias confiáveis.

Ex-presidente do STF, Carlos Mário Velloso, e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Rogério Medeiros

Liturgia do cargo

Apesar do pouco tempo à frente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo parece já estar bem acostumado à liturgia do cargo. “Pode perguntar o que quiser sobre política”, disse, destemido. Dom Walmor disse que a igreja está sempre em reforma e a Previdência também precisa de reforma, aliás, o país precisa de muitas reformas. “O desafio é ter a sabedoria para saber qual é o ponto ou os passos, as dinâmicas das reformas necessárias”, ensinou.

 

Igreja x Bolsonaro

Sobre a relação da igreja com o governo Bolsonaro, dom Walmor disse que a CNBB tem a tarefa de ajudar a dialogar. “Não é avaliar como os poderes têm que avaliar o equilíbrio de suas relações mas sobretudo o diálogo, o sentido de iluminar o caminho com valores do evangelho sabendo da complexidade do tempo e dos muitos desafios que enfrentamos”, disse. Para o arcebispo, “o Brasil avança e não podemos ter retrocessos civilizatórios por isso precisamos nos ancorar em valores, em perspectivas, em ideias que nos ajudem”, avaliou.

Presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo

Faltam votos

O governo ainda não tem os 308 votos necessários para a aprovação da PEC da reforma da Previdência. Quem faz as contas é o deputado federal Fábio Ramalho (PMDB-MG). “Temos uma média de 340 votos, dentre eles, temos ainda de 80 a 90 (deputados) que ainda não votam (com o governo) e na oposição o meu cálculo é que temos uma faixa de seis a dez votos”, calculou Ramalho. A conta ainda não fecha porque algumas coisas precisam ser modificadas como a questão da regra de transição, entre outros. Ele acredita que a matéria será votada até agosto.

Maioria simples

Quanto aos Estados e municípios, Fábio Ramalho disse que a Câmara quer entregar para os governos uma maneira mais fácil de votar a reforma da Previdência por meio de uma maioria simples diferentemente dos dois terços exigidos no plenário da Câmara. “Então, um governador que não conseguir maioria simples na votação, um prefeito que não conseguir maioria simples, me ajuda aí né? Parlamento é para se discutir. Todos os governadores têm que ter a competência de fazer as reformas nos Estados e nos municípios”, afirmou.

Rogério Medeiros, Fábio Ramalho, Carlos Velloso e João Carlos Amaral