Retrovisor Zema

Tem sido comum ouvir do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema, que ele é o primeiro governador que não veio do mundo político, mas do mundo da gestão baseada na eficiência. No Conexão Empresarial, evento da VB Comunicação que tem a parceria do jornal O TEMPO, não foi diferente. “Nossa cabeça funciona melhor que a de político”, disse Zema. Mas, numa plateia que contou com gestores de 97 empresas, o consenso foi de que Zema precisa parar de falar mal de políticos, porque agora ele também é um político.

Sergio Leite, Luiz Tito, Gustavo Cesar Oliveira, governador eleito e palestrante do Conexão Romeu Zema e Paulo Cesar Oliveira.

Desatar nós

Depois de discorrer sobre tantos nós que precisam ser desatados, o governador eleito admitiu que tem hora que fica pensando e se questionando: “Para quê eu fui entrar (na política)?”. Devoto de São Judas Tadeu – aliás, Romeu Zema faz aniversário no mesmo dia do santo –, o jeito agora é ajoelhar e rezar com fé para conseguir pagar tanta dívida do Estado, como a que tem, por exemplo, com o governo federal, que atinge os R$ 90 bilhões. 

Agropecuária

Com a promessa de campanha de reduzir as atuais 21 secretarias para nove, a conta do mercado é um pouquinho maior. Empresários acreditam que o número deve girar entre 11 a 12 secretarias de Estado. Claro que vão ocorrer fusões. Mas as secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura e Pecuária seguem caminhos autônomos, assim como fez Jair Bolsonaro ao rever a decisão de unir dois assuntos tão essenciais para a vida de um governo. O setor agropecuário, por exemplo, é responsável pela produção de um terço do Produto Interno Bruto de Minas Gerais. 

Salário dos secretários

Além da situação fiscal de Minas estar afastando potenciais nomes para compor o secretariado, Romeu Zema não contava com outro impeditivo. É que o então candidato ao governo de Minas fez o compromisso, registrado em cartório, de que ele, o vice e seus secretários só iriam começar a receber salários depois que o pagamento dos servidores públicos estivesse em dia. Isso tem afastado candidatos que dependem de uma remuneração mensal para pagar as contas. 

Ceres Inteligência

Nos dez primeiros meses deste ano, a consultoria econômico-financeira Ceres Inteligência realizou avaliações e precificações de ativos de seus clientes que, somados, ultrapassam a marca de R$ 12 bilhões. Há mais de 20 anos no mercado, a Ceres é uma das poucas consultorias do gênero genuinamente mineiras a assessorar projetos de porte nacional, como a estatização das distribuidoras da Eletrobras e a alienação de ativos da Companhia Energética de Brasília (CEB).

Avaliação de ativos

Diretor da Ceres, o economista e professor Alexandre Galvão conta que tem percebido um forte crescimento na demanda por avaliação de ativos, porém uma retração do ritmo de decisão das empresas por novos investimentos. “Isso se deve ao momento de incertezas políticas e econômicas que tomaram conta no cenário nacional”, aponta. A expectativa é que o aquecimento da economia no próximo ano abra ainda mais oportunidades para as consultorias atuarem na definição de estratégias e no desenho de operações financeiras.

Cogovernador

Romeu Zema chamou seu vice-governador, Paulo Brant, para falar também durante o almoço-palestra do Conexão Empresarial: “Na minha gestão, mais do que um vice-governador, Paulo Brant vai ser um cogovernador. A missão é muito grande para uma pessoa só”, anunciou Zema. Brant, em tom estadista, disse que é preciso “exercer o poder com pudor”. “Esse é o nosso compromisso”, afirmou. 

Discrição

Sobre a presença de cena que terá no governo Zema, o vice-governador Paulo Brant se mira no exemplo do ex-vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel. É que o vice Maciel ficou famoso pela discrição nos tempos de FHC. Não falava nada com a imprensa e no fim da noite, sem os holofotes, ia ao Palácio da Alvorada dizer ao Presidente o que ele considerava ser importante a fazer no governo. 

Vice-governador eleito Paulo Brant e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Olavo Machado Jr.

Oposição e cortes

Há 13 anos na rotina do Poder Legislativo de Minas Gerais, o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior garante que o governo Zema vai ter oposição, sim. Mas o parlamentar admite que é preciso ter bom senso, e a Assembleia vai ter que aceitar o que for bom para o povo. Agora, quando a conversa vai na direção de cortes no Orçamento, o parlamentar adverte: a Assembleia tem Orçamento impositivo. “Não tem como não pagar as emendas indicadas pelos deputados, pois agora é obrigado a pagar, depois da aprovação da PEC”, avisa.

Leis velhas

A caminho do sétimo mandato como deputado estadual, o jornalista e radialista Alencar da Silveira diz que não adianta político novo com leis velhas. Para Alencarzinho, como é conhecido, é preciso uma nova Constituinte na Assembleia Legislativa. “Se quiserem privatizar as estatais, se quiserem mudar a legislação tributária do Estado, alíquotas de ICMS, tudo passa pelo Legislativo mineiro. A casa vira protagonista do próximo governador”, diz o deputado.