China

Após protestos, Hong Kong adia debate da lei de extradição

Houve confrontos violentos quando polícia tentou conter manifestantes no dia previsto para discussão

Por Folhapress
Publicado em 13 de junho de 2019 | 06:00
 
 
Manifestantes e policiais em confronto durante protestos em Hong Kong Philip FONG / AFP

Após milhares de manifestantes saírem às ruas em Hong Kong para protestar contra um projeto de lei que autoriza extradições para a China continental, o Parlamento local anunciou que adiou para “uma data posterior” o debate que estava marcado para ontem.

Confrontos violentos foram registrados quando a polícia tentou impedir que os manifestantes, reunidos pacificamente, entrassem no Parlamento local – que tem maioria pró-Pequim. As forças de segurança dispararam balas de borracha e gás lacrimogêneo, e quem protestava jogou de volta garrafas plásticas.

Os manifestantes também usaram guarda-chuvas, tanto para se proteger quanto em referência ao Movimento dos Guarda-Chuvas que, em 2014, exigia que a eleição do chefe do Executivo acontecesse por eleição direta. Pequim não deixou passar.

“Os manifestantes devem parar a violência”, disse o chefe da polícia, Stephen Lo, alertando os moradores para que se afastem de uma “situação tumultuosa”. A maioria das pessoas que protestava era formada de jovens vestidos de preto. Eles se reuniram em torno da Lung Wo Road, uma importante via próxima aos escritórios da chefe executiva de Hong Kong, Carrie Lam.

No domingo, a ex-colônia britânica foi palco do maior protesto ocorrido desde sua transferência para a China em 1997. De acordo com os organizadores, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas pedir ao Executivo de Hong Kong que desista de seu projeto de lei.

Na segunda-feira, o Executivo do país disse que seguiria adiante com a proposta da lei e que a iniciativa da nova diretriz não havia sido imposta por Pequim. Na terça-feira, dezenas de empresas e estabelecimentos comerciais de Hong Kong anunciaram sua intenção – incomum na ex-colônia britânica – de fechar as portas ontem em protesto contra o projeto altamente controverso do governo local.

Semiautonomia em risco

Pelo acordo de 1984 entre Londres e Pequim, que selou a volta de Hong Kong para domínio chinês em 1997, Hong Kong passou a desfrutar de semiautonomia e liberdades que não existem na China continental. A ex-colônia britânica tem sido, no entanto, palco de intensa agitação política na última década, devido à preocupação com a crescente interferência de Pequim em seus assuntos internos.