Ataques no Líbano

Ataque do Hezbollah deixa dois soldados israelenses e um da ONU mortos

Em Jerusalém, o exército israelense informou em um comunicado lacônico que "um disparo de míssil anti-tanque atingiu um veículo militar na área de Har Dov"

Qua, 28/01/15 - 12h53
Ataques de Israel ao sul do Líbano, seria uma represália à ataques do Hezbollah | Foto: AFP

O movimento libanês Hezbollah realizou nesta quarta-feira um ataque contra o exército israelense em uma área ocupada na fronteira do Líbano, matando dois soldados e causando bombardeios de represália contra o sul libanês.

Um soldado espanhol da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) também foi morto em meio à violência, informou a embaixada da Espanha no Líbano.

O porta-voz da Finul, Andrea Tenenti, que não confirmou a origem dos disparos que mataram o soldado espanhol, declarou que o comando da Força Interina "está em contato com todas as partes e pediu moderação para evitar uma escalada".

Em resposta ao ataque do Hezbollah na região conhecida como Fazendas de Shebaa, ocupada por Israel, perto da aldeia árabe de Ghajar, e antes do anúncio da morte dos dois israelenses, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que o exército estava pronto para agir "com firmeza em todas as frentes" .

O Movimento de Resistência Islâmica, o braço militar do Hezbollah, indicou que "um grupo de mártires de Quneitra alvejou com foguetes um comboio militar israelense de vários veículos de transporte de oficiais e soldados sionistas".

"Vários veículos foram destruídos e há vítimas entre os inimigos", disse o grupo xiita.

Em Jerusalém, o exército israelense informou em um comunicado lacônico que "um disparo de míssil anti-tanque atingiu um veículo militar na área de Har Dov", o termo israelense para as Fazendas de Shebaa.

Segundo o exército, dois soldados foram mortos e sete ficaram feridos no ataque. De acordo com a imprensa israelense, os feridos não correm risco de morte.

RESPOSTA IMEDIATA

Em resposta, os tanques e a artilharia israelenses bombardearam as aldeias de Kfar Shuba, Majidiyé, Halta e Arkub, no sul do Líbano, onde estão posições do exército libanês e da Unifil, encarregada de supervisionar a fronteira israelense-libanesa, de acordo com uma fonte de segurança libanesa.

O primeiro-ministro israelense, seu ministro da Defesa, Moshe Yaalon, e funcionários da segurança se reuniram nesta quarta-feira no ministério da Defesa em Tel Aviv, segundo a imprensa israelense.

O exército israelense afirmou ter "respondido com ataques combinados por terra e ar contra posições operacionais do Hezbollah". "Esta não foi, necessariamente, a última resposta" de Israel, alertou no  Twitter o porta-voz militar , o general Moti Almoz.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, considerou no Twitter que seu país deve reagir a este tipo de ataque "de maneira muito dura e desproporcional".

Moradores de Ghajar, Hussein, de 31 anos, e Ali, de 37 anos, explicaram que três casas foram atingidas nesta aldeia de 2.000 habitantes, durante a troca de tiros entre soldados israelenses e o Hezbollah.

"Alguns civis foram feridos por estilhaços", indicou Hussein.

Após o ataque, tiros de morteiros tiveram como alvo uma base militar israelense no Monte Hermon, segudo o exército.

"O exército israelense fechou o local e retirou os civis da área", declarou um porta-voz militar.

Ao atribuir a ofensiva aos "mártires de Quneitra", o Hezbollah estava se referindo ao ataque de 18 de janeiro contra o Hezbollah na província síria de Quneitra, e atribuído a Israel, no qual seis membros do Hezbollah foram mortos, assim como um general iraniano.

O Hezbollah, que apoia militarmente o regime sírio em sua guerra contra os rebeldes e os jihadistas, ameaçou vingar seus combatentes.

Israel não negou nem assumiu oficialmente a responsabilidade pelo ataque contra o Hezbollah na Síria, mas esperava desde então por uma resposta.

As Fazendas de Shebaa é uma pequena área na fronteira de Israel, Líbano e Síria. O Líbano reclama soberania sobre esta área ocupada por Israel.

Incidentes acontecem regularmente ao longo da Linha Azul, que define a fronteira libanesa-israelense, de acordo com o traçado da ONU após a retirada israelense em 2000, terminando 22 anos de ocupação do sul do Líbano.

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