Guerra à imprensa

Casa Branca veta entrada de ‘NYT’, CNN e BBC em coletiva

Em nova polêmica, republicano cobra que fontes anônimas não sejam usadas

Sáb, 25/02/17 - 03h00
Queda de braço. Após declarações polêmicas, Donald Trump conversou com grupo de jornalistas | Foto: Brendan Smialowski/AFP

Washington, EUA. No episódio mais dramático da queda de braço estimulada pelo governo Donald Trump contra a imprensa, jornalistas de vários veículos de comunicação credenciados pela Casa Branca, como os jornais “The New York Times” e “Los Angeles Times”, as redes CNN e BBC e os sites Politico, The Hill e BuzzFeed foram impedidos de assistir à coletiva do secretário de imprensa da Casa Branca nessa sexta-feira (24).

Repórteres da revista “Time” e da agência Associated Press, que deveriam participar da coletiva, optaram por não comparecer, em protesto, contra a ação do governo. No mesmo dia, Trump cobrou veículos de comunicação para que deixem de usar fontes anônimas – prática usada no jornalismo em todo o mundo para preservar a identidade de pessoas que poderiam ser alvo de retaliação.

Repórteres dos vários veículos de imprensa não foram autorizados a entrar no gabinete da Ala Oeste na tarde desta sexta-feira (24), onde haveria a tradicional coletiva do porta-voz Sean Spicer. Funcionários da Casa Branca permitiram a entrada de repórteres de apenas um grupo de organizações de notícias que, segundo a Casa Branca, haviam sido previamente confirmadas para participar: o site Breitbart News, a One America News Network e o “Washington Times” – todos com tendências conservadoras populistas, habitualmente simpáticos a Trump. Jornalistas de ABC, CBS, “Wall Street Journal”, Bloomberg e Fox News também puderam participar.

Em poucos minutos após a divulgação do episódio, o que se viu foi uma enxurrada de críticas à atitude do governo, que não se explicou. A Associação dos Correspondentes da Casa Branca, que representa o corpo de imprensa em contato direto com o governo, repreendeu rapidamente as ações.

“A associação está protestando fortemente contra a forma como o silenciamento de hoje está sendo tratado pela Casa Branca”, disse o presidente da associação, Jeff Mason, em um comunicado.

“Nada como isso aconteceu na Casa Branca em nossa longa história de cobrir várias governos de diferentes partidos”, afirmou Dean Baquet, editor-executivo do “Times”. “Protestamos fortemente contra a exclusão do ‘New York Times’ e das outras organizações de notícias. O livre acesso da mídia a um governo transparente é obviamente de crucial interesse nacional”, destacou em um comunicado.
De acordo com uma jornalista do site The Hill, a vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, se esquivou de perguntas sobre o veto.

‘Veículos são desonestos’, diz presidente

Em discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), Trump disse essa sexta-feira (24) que a imprensa nunca considerou que ele venceria as eleições presidenciais de novembro. Também afirmou que os jornalistas mantiveram a candidata democrata, Hillary Clinton, sempre como favorita.

O presidente afirmou que os veículos são “desonestos”, “inimigos do povo” e “divulgadores de notícias falsas”. “Temos que lutar contra eles. Os veículos de imprensa são muito inteligentes, astutos e desonestos”, disse.

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