Alemanha

Cientistas criam proteína que permite que ratos paralisados ​​voltem a andar

Camundongos que sofreram lesões na medula espinhal conseguiram uma reparação até então nunca vista, segundo os estudiosos

Por Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2021 | 18:44
 
 
Cientistas criam proteína que permite que ratos paralisados ​​voltem a andar Foto: Ruhr-Universität Bochum/Divulgação

Cientistas alemães conseguiram restaurar a capacidade de andar em camundongos que ficaram paralisados ​​após uma lesão completa da medula espinhal. Para isso, a equipe de pesquisa criou uma versão de uma proteína (citocina) e a injetou no cérebro dos animais, estimulando suas células nervosas a se regenerarem.

Lesões da medula espinhal, causadas por esportes ou acidentes de trânsito, por exemplo, estão entre as mais debilitantes e podem resultar em deficiências permanentes, como paraplegia. Isso ocorre pelos danos às fibras nervosas (axônios) que se tornam incapazes de transmitir sinais entre o cérebro e os músculos. Até o momento, a paralisia resultante de lesão da medula espinhal é irreparável.

No novo estudo, pesquisadores da Ruhr-Universität Bochum (RUB), na Alemanha, buscaram reparar os axônios danificados com uma proteína que eles chamaram de hiperinterleucina-6 (hIL-6). Os pesquisadores publicaram seu relatório no Journal Nature Communications de 15 de janeiro de 2021.

“Essa é uma citocina projetada, o que significa que não ocorre na natureza e tem que ser produzida por meio de engenharia genética”, diz Dietmar Fischer, chefe do estudo em entrevista ao site da universidade. A  equipe testou o hIL-6 em camundongos que sofreram um esmagamento completo da medula espinhal, resultando em perda de função em ambas as patas traseiras. 

Não só os neurônios motores próximos ao local da injeção começaram a produzir hIL-6, mas também a transmitiram a outros neurônios responsáveis ​​por ações como andar. Em poucas semanas, os ratos recuperaram a função das patas traseiras, mesmo após apenas uma única injeção. "Isso foi uma grande surpresa para nós, pois nunca havia sido possível antes, após a paraplegia total", observa Fischer.

A equipe, agora, quer descobrir melhorias funcionais adicionais - por exemplo, se a hiperinterleucina-6 tem efeitos positivos  mesmo se a lesão ocorreu há várias semanas. “Esse aspecto seria particularmente relevante para aplicação em humanos”, comenta Fischer.