Pedofilia

Comissão agilizará processos contra sacerdotes no Vaticano 

‘Casos especiais’ e de bispos não serão julgados pelo novo comitê da Santa Sé

Qua, 12/11/14 - 03h00
Encontro. Papa esteve recentemente com a presidente da ONG Avós da Praça de Maio, Estella de Carlotto | Foto: L'Osservatore Romano/AP – 5.11.2014

O papa Francisco anunciou nesta terça uma nova medida que promete tornar mais rápida a análise dos recursos que forem apresentados pelos padres condenados em suas dioceses por terem cometido algum tipo de delito grave – incluindo aí os crimes de pedofilia. De acordo com informações divulgadas pela Santa Sé, o pontífice criou uma comissão que vai atuar nesses casos.

O novo comitê criado pelo líder da Igreja Católica é composto por sete cardeais e bispos e desenvolverá seus trabalhos na Congregação para a Doutrina da Fé (CDF). É para esse local que são enviados os recursos de sacerdotes e religiosos contra a sua condenação pelos tribunais diocesanos. “Os muitos recursos criaram um acúmulo de trabalho”, explicou o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, sem especificar quantos registros estavam sendo estudados atualmente.

Em maio, o Vaticano já havia anunciado que os tribunais eclesiásticos tinham sancionado pelo menos 3.420 padres e religiosos na última década.

Celeridade. Fazer a análise dos recursos em um menor espaço de tempo pode não só ajudar a esclarecer mais rapidamente os casos, permitindo rever a situação daqueles religiosos que, por ventura, tenham sido punidos injustamente, mas também tornar mais rápida a condenação definitiva daqueles que forem considerados culpados.

O papa ainda não nomeou os sete membros da nova comissão, que será responsável por julgar crimes contra a fé, os sacramentos e a moral. Segundo o padre Lombardi, trata-se essencialmente de casos de abuso sexual contra menores.

A jurisdição da comissão incluirá os padres, mas não os bispos nem alguns “casos especiais” determinados pelo papa, cujos recursos continuarão a ser examinados em “sessão ordinária” do CDF. Depois de seu predecessor, Bento XVI, o papa Francisco prega a tolerância zero contra a pedofilia, um problema que pode ter afetado dezenas de milhares de vidas e que desacreditou a Igreja Católica.

A maioria dos casos aconteceu nos anos 60, 70 e 80, e o escândalo foi amplificado pela tolerância, beneficiando alguns criminosos, da parte de uma hierarquia que pretendia preservar a reputação da instituição.

Pedofilia na Igreja

Canadá. No fim da década de 1980 vieram à tona abusos cometidos contra crianças de um orfanato entre 1950 e 1960.

EUA. Investigação de 2004 apontou que mais de 11 mil crianças foram abusadas durante 50 anos.

Alemanha. Em 2010, vários casos de abuso praticados contra crianças começaram a ser noticiadas.

Austrália. Em 2013, é aberta uma investigação sobre o abuso de crianças em associações religiosas e instituições públicas.

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