ATAQUE TERRORISTA

Diretor e mais três chargistas do Charlie Hebdo estão entre os mortos

Um sobrevivente do ataque reconheceu os colegas assassinados; publicações do semanário costumavam despertar a ira de grupos étnicos e religiosos extremistas

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 07 de janeiro de 2015 | 12:22
 
 
O diretor e chargista do Charlie Hebdo, Charb, segurando uma das capas polêmicas da publicação reprodução/ twitter.com/ecversace

Entre os 12 mortos no ataque terrorista ocorrido na manhã desta quarta-feira (7) no semanário francês "Charlie Hebdo" - conhecido por seu caráter crítico e satírico e por episódios polêmicos como a publicação da história de Maomé em quadrinhos - está o diretor e chargista da publicação, Stephane Charbonnier, o Charb, de 47 anos. Além dele, foram assassinados também os cartunistas Jean Cabut, Georgers Wolinski e Bernard Verlhac, o Tignous. Um sobrevivente do ataque reconheceu os colegas e por isso, foi possível identificá-los.

A publicação e arte dos chargistas e cartunistas do Charlie Hebdo são conhecidas pelas sátiras polêmicas e por mexer com tradições e religiões extremamente rígidas.  Como por exemplo, o desenho de um judeu ortodoxo empurrando uma cadeira de rodas com um homem de túnica e turbante na capa de uma das edições. Ou um desenho no interior da publicação em uma das edições onde Maomé, o profeta do Islã, está deitado na cama dizendo "E meu traseiro, você gosta do meu traseiro?", parafraseando a atriz francesa Brigitte Bardot no filme cult "O Desprezo", de Jean-Luc Godard.

Quando decidiu publicar a vida de Maomé em quadrinhos, Charb disse, na ocasião, à uma rádio francesa: "Se começamos a questionar o direito de caricaturar ou não Maomé, se é perigoso ou não fazê-lo?, a questão seguinte será se poderemos representar os muçulmanos no jornal? Depois vamos perguntar se podemos mostrar seres humanos?, etc, etc. E no final, não mostraremos mais nada. Neste caso, a minoria de extremistas que agitam o mundo e a França terão ganhado.”

Outros mortos ainda não foram identificados. O presidente François Hollande dirigiu-se até o local do atentado e confirmou tratar-se de um ataque terrorista, o mais violento registrado na França em 40 anos.

O jornal já foi vítima de outros ataques terroristas, por exemplo, em 2011, quando sua sede foi destruída em um incêndio de origem criminosa depois da publicação de um número especial sobre a vitória do partido islâmico Ennahda na Tunísia, no qual o profeta Maomé era o "redator principal".