Igreja

Encíclica fala em 'dívida ecológica' de países ricos com mais pobres

Papa Francisco denuncia uma política a favor de finanças, teme por guerra pela falta d'água e culpa o homem pelo aquecimento global; documento foi apresentado oficialmente nesta quinta (18)

Qui, 18/06/15 - 07h42

O papa Francisco denunciou o atual sistema econômico mundial que usa a "dívida externa como instrumento de controle" e os países ricos por não reconhecerem a "dívida ecológica" que têm com os países em desenvolvimento, segundo a encíclica sobre o meio ambiente.

"A dívida externa dos países pobres se transformou em um instrumento de controle, mas não acontece o mesmo com a dívida ecológica (...) com os povos em desenvolvimento, onde se encontram as mais importantes reservas da biosfera e que seguem alimentando o desenvolvimento dos países mais ricos ao custo de seu presente e de seu futuro", afirma o documento apresentado nesta quinta-feira (18) no Vaticano.

Decrescimento

Francisco ainda pediu aos países ricos que aceitem um "certo decrescimento" para conter o consumismo e a pobreza.

"Chegou o momento de aceitar um certo decrescimento em algumas partes do mundo aportando recursos para que seja possível crescer de maneira saudável em outras partes", escreve o pontífice, que pede "limites" por que é "insustentável o comportamento daqueles que consomem e destroem mais e mais, enquanto outros não podem viver de acordo com sua dignidade humana".

Política a favor da tecnologia e finanças

Na encíclica, o papa denunciou "a submissão da política à tecnologia e às finanças" como causa dos fracassos nas reuniões mundiais para conter o aquecimento global e a deterioração do planeta.

"A submissão da política ante a tecnologia e as finanças se mostra no fracasso das reuniões mundiais", escreveu o papa em documento sobre o meio ambiente apresentada pelo Vaticano, um texto que acusa os "poderosos" de não querer encontrar soluções.

Guerra por água

O sumo-pontífice teme que o controle pela água por parte das grandes empresas mundiais termine por provocar uma guerra neste século.
"É previsível que o controle da água por parte de grandes empresas mundiais se converta em uma das principais fontes de conflitos deste século", escreveu Francisco, que viveu na Argentina, sua terra natal, as tensões sociais pela privatização da água.

Aquecimento global

Na carta, o papa culpa a "humanidade" pelo aquecimento do planeta. Ele pede "mudanças do estilo de vida" e acusa as potências e suas indústrias de fazer um "uso irresponsável" dos recursos.

"A humanidade está convocada a tomar consciência da necessidade de realizar mudanças de estilo de vida, de produção e de consumo", escreveu o papa, que acusa a "política e as empresas de não estarem à altura dos desafios mundiais", depois de terem feito um "uso irresponsável dos bens que Deus colocou na Terra".

Atualizada às 12h20

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