Reforço necessário

Estudo mostra que Ômicron reduz anticorpos neutralizantes da Pfizer e Coronavac

Especialista explica que isso não significa perda na proteção contra a doença, já que existem outros elementos da resposta imunológica, como a imunidade celular

Por José Vítor Camilo
Publicado em 15 de dezembro de 2021 | 08:28
 
 
Coronavac Foto: Divulgação / facebook Butantan

Um estudo conduzido pela Universidade de Hong Kong, na China, indicou que a variante Ômicron da Covid-19 gera redução nos anticorpos neutralizantes induzidos pelas duas doses das vacinas da Pfizer e Coronavac. Ainda conforme os pesquisadores, por isso é recomendado que as pessoas recebam uma dose de reforço, mas ainda são necessários novos ensaios para entender o impacto da nova variante na efetividades dos imunizantes.

O estudo chinês isolou duas cepas da variante Ômicron e analisou a neutralização do vírus pelos anticorpos do soro colhido de 50 pacientes -  sendo 25 que receberam a vacina da Pfizer e 25 imunizados com a Coronavac.

Foi observado que apenas 20% e 24% dos que receberam a vacina da Pfizer tinham anticorpos neutralizantes detectáveis contra as duas linhagens da nova variante analisadas. Já no caso da Coronavac, nenhum dos vacinados tinham anticorpos neutralizantes contra as cepas.

"A variante Ômicron do vírus foi capaz de reduzir a eficácia de duas doses da vacina contra a Covid-19, particularmente a Coronavac. Portanto, os que receberam a vacina ou mesmo os pacientes recuperados da Covid podem estar em maior risco de contrair a doença ou reinfecção", concluiu o estudo da universidade de Hong Kong.

A reportagem de O TEMPO conversou com Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e divulgadora científica pela Rede Análise COVID-19, que detalhou que isso não significa exatamente uma perda na proteção contra a doença.

"Existem outros elementos da resposta imunológica além dos anticorpos neutralizantes, como os anticorpos não-neutralizantes e a imunidade celular. É necessário destacar a relevância do recebimento da 3ª dose, para potencializar ainda mais a proteção contra a doença e aumentar a proteção contra a infecção", explica

Segundo a especialista, o estudo mira apenas a ação dos anticorpos neutralizantes, que tem uma relação muito forte com a prevenção à infecção pelo novo coronavírus. "O que a gente acha que pode acontecer com a Coronavac é a mesma coisa que foi apontado pela Pfizer: ter um impacto maior na proteção contra a infecção, mas não tanto para a doença. Esse é um estudo in vitro. Ainda falta um estudo de efetividade, que é o que de fato vai avaliar a proteção das vacinas", complementa Mellanie.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores do Departamento de Microbiologia da Universide de Hong Kong (HKU, na sigla em inglês) e teve publicação aceita na revista médica Clinical Infectious Diseases. O trabalho recebeu financiamento do governo de Hong Kong.

(Com Estadão Conteúdo)

Atualizada às 18h30