Programa nuclear

EUA e China vão se unir contra ameaça da Coreia do Norte

Após Japão constatar fracasso da diplomacia, potências prometem ação

Por Da Redação
Publicado em 19 de março de 2017 | 03:00
 
 
Pacto. Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi Mark Schiefelbein / AFP

São Paulo. Pequim e Washington se comprometeram nesse sábado (18) a trabalhar juntos para que a Coreia do Norte freie seu programa nuclear, que eleva a tensão na península a um “nível perigoso”. O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, se esforçou para adotar um tom conciliador em sua primeira visita a Pequim, um dia após um tuíte do presidente Donald Trump no qual ele acusa a China de não pressionar o suficiente seu aliado norte-coreano. Por sua vez, Pequim critica Washington por alimentar as tensões com exercícios militares na Coreia do Sul.

“Trabalharemos juntos para ver se podemos levar o governo de Pyongyang a mudar de posição (...) e se afastar do desenvolvimento de armas nucleares”, afirmou Tillerson ao término de uma reunião com seu colega chinês, Wang Yi, em Pequim.

“Acredito que compartilhamos uma mesma visão e uma sensação de que a tensão na península é muito elevada atualmente e que as coisas alcançaram um nível perigoso”, acrescentou.

Em resposta, o ministro chinês reafirmou a posição de Pequim, único aliado do regime de Pyongyang, que estipula que a única maneira de resolver a crise na Coreia é através do diálogo.

“Podemos escolher entre deixar que a situação se deteriore até levar a um conflito, ou retornar ao caminho adequado das negociações”, declarou Wang.

Pequim, assim como Washington, “espera encontrar a forma de reativar as negociações e não abandona a esperança de alcançar a paz”, afirmou o ministro chinês.

Coreia do norte é inflexível. O novo chefe da diplomacia norte-americana chegou a Pequim no fim da manhã vindo da Coreia do Sul, onde na sexta-feira anunciou o fim da política de “paciência estratégica” seguida pelos Estados Unidos em relação a Pyongyang e ao seu programa nuclear e balístico.

Na quinta-feira, o Japão constatou o fracasso de 20 anos de esforços diplomáticos para frear o programa nuclear norte-coreano e defendeu um “novo enfoque”.

Mas Pyongyang permanece inflexível. “Se os Estados Unidos fizerem o menor gesto para lançar um ataque preventivo contra nós, nossa força de ataque nuclear aniquilará o quartel-general dos provocadores e invasores”, afirmou neste sábado em um comentário o principal jornal norte-coreano, Rodong Sinmun.

“Uso da bomba é possível”

Para o ex-coordenador do programa de armas de destruição em massa da Casa Branca Gary Samore, a Coreia do Norte é hoje o principal risco para o mundo quando o assunto é segurança nuclear.

“Nós não estamos seguros de que Pyongyang vai observar as regras de dissuasão nuclear (ou seja, ter a bomba para não usá-la)”, explicou o responsável pela política do governo Barack Obama para o setor entre 2009 e 2013 e uma das mais respeitadas autoridades no assunto.

“A Coreia do Norte é muito provavelmente capaz de empregar uma arma nuclear em seus mísseis de alcance médio Nodong e Musudan, que podem atingir alvos na Coreia do Sul e no Japão”, esclareceu o especialista sobre quais seriam os alvos possíveis.